
Conto de Natal - Terror
Titulo do capítulo: Capítulo 1
Autor: Ninha Cardoso
Nilton desceu a escada com um sorriso vaidoso nos lábios, seu olhar percorrendo as pessoas animadas que preenchiam a casa. A atmosfera era de euforia, e muitos ali eram desconhecidos para ele, presentes apenas para desfrutar da comida e bebida oferecidas em suas famosas festinhas. Contudo, Nilton não se importava com a situação, sentia-se bem com toda aquela atenção e mimos. Além disso, acabara de ter um encontro íntimo com mais uma garota da faculdade, um fato que inflava ainda mais o seu ego.
Esticando-se de maneira ostensiva, Nilton buscava atrair ainda mais os olhares das pessoas no ambiente. E conseguiu. A resposta veio em forma de risadas e gritos de aprovação, tratando-o como se fosse um garanhão sortudo. Entre os presentes, um colega puxou conversa, divertido com a situação.
— E aí? Mais uma para a lista? — perguntou com um tom de cumplicidade.
Nilton riu, satisfeito com a pergunta.
— O que acha? — ele respondeu com uma convicção exagerada. — Peguei a garotinha de química, a Lurdes Maria. — acrescentou, em um tom cínico.
O colega, no entanto, pareceu não conhecer a tal Lurdes.
— Lurdes? Não conheço. — disse, demonstrando certo desinteresse.
O sorriso de Nilton não se abalou. Ele apertou o ombro do colega, quase desdenhando da ignorância dele.
— Gostosa pra caramba.
Ele soltou em meio a outra risada, deixando claro que o que mais importava para ele era o prazer momentâneo, sem se preocupar com as consequências de suas ações. Enquanto a festa continuava ao seu redor, Nilton mergulhava ainda mais na sua autossuficiência, sem perceber que tal comportamento vazio e irresponsável poderia trazer consequências imprevistas em seu futuro. Ele compartilha com seu colega a história da garota loira e baixinha que ele conheceu no corredor, semanas atrás.
— Você não lembra da baixinha cheia de curvas, que ficava no corredor em frente da sala cinquenta e dois?
O colega não se recorda dela, mas Nilton revela com orgulho que a levou para seu quarto e a enganou, fazendo sexo sem camisinha sem que ela percebesse.
— Eu me lembro que você tinha dito algo, mas agora não me vem na mente quem seja.
Ele zomba dela, chamando-a de otária, enquanto ambos riem juntos. Nilton é conhecido como o garanhão da faculdade, que costuma enganar as garotas para conseguir
o que quer, aparentando ser moderno e apoiador, mas revelando um comportamento profundamente machista.
— Ah, ela está lá em cima, no meu quarto... — Nilton disse, batendo no peito — é uma tonta. Eu a enganei e fizemos sexo sem camisinha. — gargalhou de forma desavergonhada — Ela nem percebeu quando tirei. Tão ingênua, que chega a ser cômico!
O colega riu, enquanto a reputação de Nilton como o garanhão da faculdade, era reforçada. Ele já havia tido relações com diversas garotas, e sempre encontrava formas de manipulá-las para conseguir o que queria. Apesar de se apresentar como um cara moderno e solidário com as mulheres, no fundo, Nilton escondia um comportamento machista. Ele fingia usar camisinha para ganhar a confiança das garotas e, em seguida as enganava, retirando-a sem que percebessem.
Algumas acusações pairavam sobre Nilton, sugerindo que ele manipulava e enganava as garotas com quem se envolvia. No entanto, sem provas concretas, as palavras delas se perdiam em meio à sua negação enfática. Outras chegaram a insinuar que ele havia transmitido doenças venéreas para elas, mas a relação de amizade de Nilton com o dono do laboratório de exames da faculdade, garantia que seus resultados sempre vinham limpos. Assim, ele se considerava imune a qualquer consequência. Não havia mesmo uma prova que o levasse a responder por seus atos.
Desdenhando das acusações, Nilton rotulava as garotas como mentirosas, culpando-as por estarem com raiva dele por não mais desejar mantê-las por perto. Sua indiferença diante da situação era evidente.
— Essa Lurdes deve ser nova mesmo, não me recordo dela, seria bom uma foto. — disse o colega dele.
— Vamos lá em cima, no meu quarto. Ela está lá. — ele riu, exibindo seu orgulho pelo feito. — Fodi a garota de todas as formas possíveis.
Surpreso, o colega perguntou se Nilton chegou a fazer sexo anal com ela. O sorriso de Nilton cresceu, sentindo-se superior.
— Fiz tudo, cara. Ela ficou completamente submissa na minha cama. Tá molinha.
O colega se mostrou preocupado com a possibilidade de ser visto pela garota, mas Nilton tranquilizou-o, alegando que ela estava dormindo e que poderiam ter outra sessão de diversão. A festa de Natal na casa de Nilton havia sido adiantada para não coincidir com seus compromissos familiares. Eles planejavam celebrar dois dias antes do Natal. Os pais dele já tinha feito todo o acerto para a festa.
— Vamos lá em cima. — propôs Nilton, levando o colega consigo enquanto riam alegremente.