O ALPHA SOLITÁRIO

Titulo do capítulo: ENTRE A NOITE E O AMOR

Autor: Lutécio Falu

O luar prateado continuou a brilhar intensamente sobre a densa floresta de Soguksu na cidade de Ancara. Lorrah, o alfa supremo, o último dos lobisomens místicos, continuou a percorrer seu território com olhar atento, determinado a proteger as jovens que passavam pela região. Rumores do sequestro de jovens por demônios seguidores de Patiareh, que as sequestravam e às obrigavam a se prostituir, ecoaram entre os aldeões, aumentando a urgência de sua missão.

O corpo cheio de cicatrizes de guerra, porém musculoso e atlético de Lorrah se movia com graça e agilidade por entre as árvores, demonstrando sua natureza selvagem e poderosa. Ele já havia enfrentado demônios antes, ferindo-os até a morte em Istambul, sabia que deveria permanecer vigilante, pois antes de sair da Pérsia e ir atrás dos tesouros deixados pelas demais tribos de lobisomens místicos pelo mundo, tinha a missão de destruir os demônios que ainda teimavam em atormentar os persas. A floresta estava silenciosa, exceto pelo uivo ocasional de um lobo distante, que os ouvidos experientes de Lorrah logo detectaram que era apenas um lobo comum e não um lobisomem.

Naquela noite em particular, os instintos mais primitivos de Lorrah estavam na superfície, misturando-se com os desejos mais intensos que permeavam sua própria essência. Ele, mais do que nenhuma outra fera licantropa, sabia que a lua cheia exalava um magnetismo incontrolável, intensificando seus impulsos de lobo, que se misturavam aos instintos humanos. Ele estava ciente de sua dualidade, mas devido ao seu treinamento antes e depois de ter passado pelo inferno, o mesmo sabia que sua devoção em proteger aqueles sob sua tutela sempre prevaleceu.

Enquanto Lorrah caminhava ao longo da orla da floresta, lutando contra os demônios de Patiareh, seus ouvidos aguçados captaram um som suave, quase inaudível. Era o som do coração acelerado de um humano, mas não era um humano comum: era uma melodia que despertou seu interesse e curiosidade. Movido por uma atração desconhecida, ele seguiu o som até encontrar Samira, que era uma jovem de beleza cativante, de olhos bastante negros e brilhantes.

Samira, perdida na imensidão da floresta, sentia-se vulnerável e assustada, pois estava fugindo dos demônios de Patiareh. Seus passos incertos revelavam sua angústia, enquanto seu coração batia descompassado. Ela não sabia explicar a força magnética que atraía os demônios, mas algo dentro dela sabia que para o lobisomem, sua presença representava perigo e, ao mesmo tempo, uma promessa de intenso prazer.

Quando os olhos do alfa supremo a encontraram, o tempo pareceu congelar. Lorrah se aproximou dela lentamente, uma mistura de cautela e desejo brilhando em seus olhos dourados. Samira sentiu uma mistura de excitação e apreensão correr em suas veias, devido ao tamanho e ao porte daquele lobisomem, pois o mesmo empunhava duas enormes cimitarras negras, enquanto seu corpo se preparava para uma experiência única e avassaladora.

— Você deveria recuar... – Samira sussurrou. Sua voz trêmula, revelando a luta entre o medo e a atração que a dominava – Eu... Eu sou apenas uma mulher humana, um alvo fácil para os demônios que me perseguem e você... Você é um lobisomem poderoso.

Lorrah se aproximou ainda mais, seus lábios gentilmente foram afastando a orelha de Samira dela. Sua voz rouca, começou a pronunciar palavras sussurradas, carregadas de desejo e promessas proibidas.

— O que você não entende, jovem, é que meu coração e minha alma clamam por você. Não importa as diferenças, não posso lutar contra o que meu instinto me diz. Você é minha lua, minha paixão, e juntos podemos explorar os confins de prazer. Agora saia do caminho.

Um rosnado e o lobisomem pulou sobre ela. A jovem ficou assustada com a atitude do monstro, mas logo percebeu que ele pulou para atacar os demônios que a perseguiam. A ferocidade de Lorrah era por demais amedrontadora. Ele feriu de morte, demônios que os humanos só conseguiriam derrotar com exorcismos. As criaturas de Patiareh não tiveram chance alguma contra as espadas de Lorrah e foram derrotadas facilmente.

Lorrah viu o pânico nos olhos da jovem e a abraçou. Samira sentiu-se rendida à força avassaladora das palavras do lobisomem. Ela se entregou à sedução proibida, permitindo que Lorrah a envolvesse em seus braços fortes e protetores. Um movimento de agradecimento misturado com desejo, fez com que Samira beijasse o lobisomem. A pressão de seus lábios nos dele era uma mistura de ternura e desejo voraz enquanto suas mãos exploravam cada centímetro de seu corpo, acendendo chamas incontroláveis.

Na escuridão da floresta, eles se desfazem de todas as inibições, entregando-se a um amor selvagem e intenso. Cada toque era uma chama que incendiava seus corpos, levando-os a um êxtase sem igual. O rugido do lobisomem ecoou na noite, fundindo-se com os gemidos de prazer de Samira, criando uma sinfonia de desejo e paixão.

Eles entregaram seus instintos mais primitivos, explorando cada curva e contorno um do outro. Cada carícia, cada beijo, era carregado de uma intensidade avassaladora. O cheiro da floresta misturado com o aroma sedutor de seus corpos enchia o ar, envolvendo-os em uma atmosfera de luxúria e entrega.

Lorrah, com sua força sobrenatural, segurou Samira firmemente, movendo-se em perfeita harmonia. Seus corpos se entrelaçavam em um ritmo frenético, em uma dança desenfreada de desejo que transcendia o tempo e o espaço. Eles se tornaram um, unidos pelo fogo da paixão.

Enquanto se moviam em um turbilhão de sensações, Lorrah olhou profundamente nos olhos de Samira. Ali, naquele momento de êxtase, eles superaram suas diferenças e encontraram uma conexão inexplicável. Não era apenas uma atração física, mas uma fusão de almas que desafiava todas as convenções.

No auge do prazer, quando seus corpos se uniram em uma explosão de êxtase, eles sabiam que aquela noite seria inesquecível. E, ao se recuperarem do torpor do amor, envoltos nos braços um do outro, souberam que haviam vivenciado algo fora do comum, algo que transcendia os limites impostos pela sociedade.

A madrugada aproximava-se lentamente, trazendo consigo o fim daquela noite de paixão desenfreada. Lorrah e Samira sabiam que precisavam se separar, que seus caminhos divergiam. Mas a lembrança daquela noite ficaria gravada em suas memórias para sempre, como testemunho de um amor proibido e intenso.

Enquanto a última sombra demoníaca desaparecia sob o brilho da lua cheia, Samira e Lorrah se entreolharam com orgulho e alívio. A missão foi cumprida, a ameaça foi eliminada e a cidade de Ancara estava segura mais uma vez.

Em meio aos escombros da batalha, Samira e Lorrah se abraçaram, compartilhando o êxtase da vitória e a gratidão por estarem juntas novamente. Seus corações estavam cheios de um amor que resistiu a todas as probabilidades e desafiou todas as possibilidades.

Resolveram, então, voltar para a cidade de mãos dadas, para levar a boa nova aos moradores. A história do amor impossível entre um humano e um lobisomem alfa se espalhou como fogo, enchendo os corações daqueles que a ouviram com esperança e admiração.

Samira e Lorrah se tornaram lendas vivas, símbolos de coragem, amor e perseverança. A cidade de Ancara passou a reverenciá-los como protetores e guardiões, um exemplo de que o verdadeiro amor não conhece limites ou fronteiras.

Com o tempo, Samira e Lorrah construíram uma vida juntas, unindo os mundos humano e sobrenatural. Eles se tornaram um símbolo de reconciliação entre as raças, trabalhando lado a lado para manter a paz e a harmonia na floresta e além.

E embora a profecia revelada a Samira indicasse que seus caminhos se cruzariam novamente, eles sabiam que não importava quando ou como isso aconteceria. O amor deles era eterno, transcendendo as barreiras do tempo e do espaço.

Sob o luar, Samira e Lorrah viveram uma história que desafiou o destino e provou que, quando o amor é verdadeiro, não há obstáculo que não possa ser superado. E assim viveram felizes para sempre, escrevendo um capítulo extraordinário de amor e coragem na história da cidade de Ancara e além.

Alguns dias se passaram e Samira foi procurar Lorrah na floresta para outro encontro. Ela foi até onde o viu pela primeira vez, mas desta vez ele não estava lá. Ele havia deixado uma carta, dizendo que precisava continuar em sua missão e que jamais esqueceria os momentos que viveram juntos. A jovem sorriu, sentiu as lágrimas rolarem e prometeu aos quatro ventos que o mundo jamais esqueceria aquele sentimento puro que ela tinha por aquele lobisomem.


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