
A Filha de Dracus
Titulo do capítulo: CAPÍTULO DOIS
Autor: Sandra Lymah
Sua voz potente, parece vibrar dentro de minha cabeça, e seus olhos me hipnotizam. Abro a boca, mas não consigo formular uma frase, então, apenas o fico olhando boquiaberta, e ele sorri. Céus! Que sorriso perfeito!
— Diz alguma coisa? — ele continua sorrindo. — Estou começando a ficar preocupado.
Seus braços continuam ao meu redor, e eu continuo curvada para trás, enquanto uma de suas mãos apoia minha nuca, e uma das minhas, está apoiada em seu peito largo e forte, a outra em seu ombro. Sim, eu tenho consciência de que a posição em que estamos, parece a cena de um filme romântico.
— Ahn… eu…
Começo a balbuciar, sem nem saber o que quero dizer. Nem exatamente, nem por alto. E continuo o olhando. Ele parece ser um cowboy. Usa um chapéu típico, além de uma roupa típica, de quem lida com o gado. Roupas semelhantes às que meu avô materno usava, mas um pouco mais evoluídas que em sua época.
— Você está bem? — seu sorriso diminui, suas sobrancelhas se franzem. — Seu cérebro sacudiu, enquanto estava começando a cair? Não fui rápido o suficiente?
— Não! — falo pouco mais alto que um sussurro, e ele franze ainda mais as sobrancelhas. — Sim!
— Não ou sim? — ele solta um riso curto e baixinho. — Não para o quê? E o sim?
— Me desculpe! Eu… — suspiro. — eu respondi tudo errado.
— Está tudo bem. Apenas responda o certo. — ele volta a exibir seu sorriso estonteante. — Apaguei as suas primeiras respostas. Faça de conta que eu acabei de perguntar, e responda, está bem?
Assinto para ele, antes de começar a responder novamente.
— Eu estou bem, graças a você ter sido rápido suficiente, e não ter deixado que eu caísse no chão, e me machucasse. Eu não sacudi meu cérebro, apenas estava assimilando que não me estatelei no chão, porque você me segurou a tempo. E… portanto, muito obrigada.
— O prazer é todo meu.
Ele fala de um jeito tão envolvente, que acabo molhando a minha calcinha. A sensação que ele me faz sentir, é totalmente nova para mim. Tenho medo de ficar em pé pois, mesmo com ele me segurando agora, sinto munhas pernas fraquejarem.
“ — Será que é essa a sensação de paixão? Ou talvez amor?” — penso, sem entender essa coisa, que nunca senti antes.
Ele começa a me colocar de pé, mas não me solta, nem mesmo quando já estou de pé.
— Posso te soltar? — ele me pergunta. — Tem certeza de que está bem?
— Pode, sim. Eu estou bem.
— Ótimo!
Mas ele me solta devagar, e seu rosto está sério agora. Além de parecer que nem ele quer que eu saia de seus braços.
Aliso meu vestido, passo as mãos pelos meus cabelos, para me certificar que tudo está em seus lugares.
— Senhor Bucur? — um dos homens que estava descarregando os materiais se aproxima, chamando a atenção dele, e então descubro que é ele o cliente da prefeitura.
— Pode falar.
Ele responde ao homem, mas sem tirar os olhos de mim, e ainda fica bem perto. Nossos corpos ainda quase se tocando, e isso não é muito normal para essa época. A quem eu quero enganar? Isso não é nada normal, e é considerado muito impróprio, na verdade.
— Acabamos de descarregar os materiais. O senhor vai conferir?
— Sou eu quem vai conferir. — respondo antes dele, também continuando a olhar para ele.
— Então, você é a Vivien? A assistente de Adam Cracium… — ele volta a sorrir. — muito prazer em conhecê-la e… acho que eu deveria ir à prefeitura mais vezes.
Sinto meu rosto esquentar levemente, mas não ligo muito para isso.
— Vamos conferir os materiais, então?
— Damas primeiro.
Ele fala indicando o caminho, com sua mão aberta, em direção aos materiais que, agora, estão dentro de um dos celeiros de sua fazenda. Sigo para o celeiro. Agora realmente tem muita coisa armazenada ali. Tiro um papel dobrado, onde estão as minhas anotações de quantidades, de dentro da minha bolsinha.
Não posso demonstrar que sei, exatamente, quanto tem de cada coisa, apenas em olhar para elas. Então pergunto ao homem, que há pouco estava falando com Iancu Bucur, quanto tem de cada coisa. À medida que ele vai falando, vou fazendo um risquinho na frente de cada item, com meu lápis, depois de olhar para o material que ele cita, pois a quantidade está correta.
— E as duzentas mil telhas. — o homem me dá um sorriso, e eu olho para as telhas, depois de volta para ele.
— Não parece ter nem cinquenta mil. — eu não retribuo o seu sorriso, e ele fecha a cara para mim, não gostando da minha resposta.
— Olha aqui, moça… — ele começa a falar de maneira hostil.
— Acho muito bom, que você fale de maneira respeitosa com ela! — a voz de Iancu, também parece hostil, e vem de trás de mim.
— Eu só estava dizendo que eu não tenho culpa de estar faltando. — a voz dele é um pouco mais branda, mas ainda posso notar um pouco de hostilidade. — Olha, não fui eu quem carregou os caminhões na fábrica.
— Enquanto não estiver a quantidade correta, o prefeito não vai pagar essa conta. — falo para ele, sem alterar a minha voz.
— Podemos entregar em duas, ou três horas. — ele responde a contra gosto.
— Espero que em até duas! — Ianco fala mais uma vez. — Não podemos ficar mantendo a secretária do prefeito aqui. Ela tem seu trabalho a fazer. — então, eu o ouço caminhar em minha direção, e o vejo parar ao meu lado, e olha para mim. — Aceita um chá, enquanto eles retornam na fábrica e trazem o restante do carregamento? — ele me pergunta com sua voz amigável, e um sorriso de esperança no rosto.
— Claro! — respondo retribuindo o sorriso. — Eu adoraria.
Vemos os caminhões saírem das terras da fazenda e entramos na casa principal
— Desculpe se tiver muita bagunça por aqui. — ele diz assim que entramos. — A esposa do meu capataz costuma limpar e arrumar tudo, mas ela está doente há dois dias.
— Não se preocupe, senhor Bucur. — respondo com um sorriso. — Eu apenas não gostaria de ficar esperando em pé do lado de fora, até que eles voltem com o restante do material.
Conversamos por quase duas horas e meia, e ouvimos os barulhos de alguns caminhões chegando, e vamos até o celeiro novamente. Os homens ali trabalham rápido, e em pouco tempo, as telhas que faltavam, estão empilhadas com as outras.
— O prefeito agradece! O pagamento será feito por ele mesmo, ainda hoje.
Falo cordialmente, ao mesmo homem que vem em nossa direção, e pergunta se está certo dessa vez, então ele vai embora, dirigindo um dos caminhões. São máquinas recém-inventadas, apenas dois três meses e meio, e o prefeito fez questão de ajudar a fábrica de materiais de construção, a trazer várias unidades para cá.
Eu e Iancu, tomamos mais uma xícara de chá, e noto que eles estão cada vez mais perto de mim, até que nossos braços se tocam.
— Desculpe! — digo para ele. — Não foi minha intenção ficar esbarrando no senhor.
— Acredito em você, Vivien. Sabe por quê?
Ele consegue chegar ainda mais perto, e acaba por me envolver em seus braços novamente.
— Eu… não sei, então… por quê? Por que você quis esbarrar em meu braço?
Seu olhar penetra o meu, com uma grande intensidade.
— Porque eu queria fazer isso, que vou fazer agora, desde o momento em que a vi… pela primeira vez!
E então, ele começa a me beijar.