A Rainha dos Quatro Reinos

Titulo do capítulo: 1⁰ Invasão

Autor: Tamara Santos

Reino Verão 

Bella

Fico estática ao ver a cena em minha frente. Gritos e sons de espadas se tocando em meio uma luta violenta. Uma invasão no palácio! Permaneço sem reação enquanto sou bruscamente levada para o esconderijo da realeza por um soldado.

— Encontrei a princesa! — Ouvi uma voz profunda e rouca em simultâneo, atrás de mim. 

Em um movimento, olhei para trás e vi homens em nossa direção, porém não eram soldados, e sim invasores que nos perseguem com sangue nos olhos. O pavor me dominou, e acabei tropecei nos destroços do castelo.

— Princesa! — O soldado se aproxima, agitado, me ajudando a levantar outra vez.

— Estou bem...

— Siga, eu vou ficar e os deter.

— Não vou sem você! — Pronunciei-me, e nessa hora sou puxada com força, colocada no ombro de um homem como um saco de batatas.

— Solte a princesa!

Pude ouvir o soldado ordenar, mas não surtiu efeito algum. Os sons de espadas eram o que preenchia o ambiente, e eu no meio da luta sendo carregada.

— Me solte! — Grito, tentando me libertar do invasor.

— Calada, princesa! Você é nosso trunfo, o rei fará de tudo para ter sua herdeira de volta. 

— Foi como um aviso, ele caminha triunfante enquanto me leva.

— Ele não vai se incomodar, o reino vem em primeiro lugar para ele. — Digo de forma certa.

— Se ele não fizer o que pedimos, você morrerá na frente de todos. Meu corpo treme com sua afirmação fria, meu coração já completamente descompassado no peito, e desesperançosa não pude evitar o choro.

— Ele está com a princesa! — Em meio às lágrimas, ouvi alguém gritar.

E tudo aconteceu muito rápido, senti meu corpo sendo jogado ao chão, o que me faz sentir muita dor.

— Princesa, corra o mais rápido que puder! — Um soldado me avisa enquanto o outro luta com o invasor.

Sai o mais rápido que pude, ao tomar certa distância parei e olhei para trás, no exato momento vi o soldado sendo morto sem piedade.

Voltei a correr, desta vez muito mais desesperada, com meu corpo inteiro dolorido. Ao virar o corredor de forma atrapalhada, sinto meu corpo sendo puxada bruscamente para dentro de uma sala.

— Me solte! — Digo me debatendo, sem olhar quem me puxou.

— Se acalme, princesa! — Ele me segurou com mais firmeza. — Sou eu, o Jake! — Jake... — Finalmente o olhei, o abraçando em seguida. — Estou com medo!— resmunguei chorosa.

— Fique tranquila, os invasores já estão indo embora — ele me olhou — Não saia daqui, eu irei retornar a batalha.

Concordo, ficando agachada e escondida, esperando o caos passar com as mãos nos ouvidos para minimizar o tormento que está do lado de fora.

Horas se passaram, e por mais que eu tente ficar acordada, não consigo, e rendo-me ao sono ali mesmo no chão.

— Princesa!

Sinto meu corpo sendo movimentado com gentileza, gradualmente vou abrindo os meus olhos e vejo ser Esmeralda que me acordava.

— Esmeralda!— Ergo meu corpo rapidamente a abraçando, só então percebo que estou em meu quarto.

— Se acalme, está tudo bem agora.

— Como “bem”? O que aconteceu?

— Tudo está em ordem e o castelo já está em boas condições outra vez.

— Como pode ser? — inquiri, sem entender.

— Todos os criados passaram a noite trabalhando, e a batalha foi só na parte Sul, uma área pequena.

— Muitos soldados morreram?

— Poucos, não precisa se preocupar com isso. Agora se levante, o desjejum está quase pronto.

Não pronunciei nada, permaneço em silêncio enquanto me troco, deveras preocupada com os outros súditos. Esmeralda se levanta e me dá um último aviso enquanto abre a porta do quarto.

— Você fará o desjejum com nobres de outro reino — ela me olha — O rei comunicou que  ninguém deve relatar sobre o ocorrido de ontem.

Caminho em direção à sala, encontrando todos sentados à mesa. Assim que entro, recebo  um olhar da minha mãe repreendendo meu atraso. 

Todos os presentes agem naturalmente, como se nada tivesse acontecido. Como esperado, meu pai sentado e conversando sobre negócios com o outro rei. Acompanho minha mãe e a rainha o dia todo pelo castelo, cada canto sendo exibido com orgulho, exceto a área sul, essa nem sequer foi visitada. As deixo conversando na sala de  lazer e sigo para o jardim, fico observando o cair da noite, aproveito para admirar as primeiras estrelas que se mostram no céu, além da magnífica beleza da lua.

Esse lugar me traz uma sensação de liberdade, talvez seja pelo ar puro, e quase ninguém vem aqui. Gosto de estar assim, sozinha, caminho por entre as diversas flores até chegar em uma grande árvore carregada de frutos avermelhados. Movida pela vontade de provar um dos frutos e com cuidado para que o vestido não se prenda nos galhos, subo até o topo, arrancando a fruta e saboreando, deliciosa.

Do alto vejo uma movimentação estranha em frente ao castelo, começo descer na pressa acabo escorregando e caindo. Fecho os olhos, a fim de não ver a queda, mas sou aparada no ar. Abro devagar as pálpebras vendo que estou nos braços de um rapaz que nunca vi antes, mas não deixo de notar que está trajando figurino real, revelando sua importância. 

— Deveria ter cuidado, não é apropriado uma donzela subir em árvores. — Disse, colocando-me no chão.

— Não diga o que é apropriado para mim, milorde! — Rebati, voltando ao castelo e o deixando no mesmo lugar.

Entro no palácio, e sigo diretamente para o meu o quarto, fecho a porta e só então vejo minha mãe.

— Onde estava? — ela me questiona.

— No jardim... — Pego um livro em minha estante.

Não sei o porquê de ela estar aqui, há muito tempo ela não vem ao meu quarto.

— Serei direta no assunto, o reino está em crise e você terá que se casar com o príncipe herdeiro do Reino Primavera — Ela fala de forma simples.

Paro com o livro aberto em minhas mãos e fico encarando-a, preciso ter certeza que ouvi certo.

— O que disse? — Indaguei incrédula.

— Eu disse que você vai se casar no mesmo dia do seu aniversário. — ela fala e continuo sem acreditar em suas palavras —Ele é filho do rei e da rainha hospedados em nosso castelo.

— Não irei me casar! —Nego determinada.

— Vai sim! Não há outra maneira de salvar o reino. — Minha mãe se aproxima.

— Não vou! — Exclamei alterada.

— Não ouse levantar a voz para mim! — Ela me repreende com uma tapa forte em minha bochecha.

— Como pôde? — Olho com a mão no rosto, as lágrimas descem — Inacreditável!

— Não pense em fazer nenhum absurdo! — Ela avisa sem se importar, saindo do quarto, e eu sento na cama estática.

Meu corpo treme de fúria, não posso deixar que decidam minha vida. Fugirei! 

Rapidamente levanto e pego minha bolsa de moedas, levarei apenas ela. Com a mão na maçaneta da porta, olho em volta certa de que o meu destino só depende de mim. Não queria me sacrificar, mas começo a lembrar da noite passada, meu casamento seria uma forma de manter todos a salvo. Outros reinos que poderão se aproveitar das más condições financeiras para invadir e tomar o reino para si.

Estou confusa e sem rumo!

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