A Rainha dos Quatro Reinos

Titulo do capítulo: 3⁰ Rei do Inverno

Autor: Tamara Santos

Reino Inverno

Cassian 

Daqui a duas horas vou me casar com Rosa, a princesa do Reino Outono, eu não a amo, no entanto, somos noivos desde criança, e agora chegou a hora de nos casarmos. Não tivemos liberdade para decidir o rumo de nossas vidas, fomos usados como brinquedos. Eu poderia até enfrentar o meu pai para escolher o meu destino, mas isso não faria sentido, visto que a única pessoa que amei já partiu. 

Fazia um ano que minha mãe faleceu, o pior dia da minha vida, nada mais me importava, nem mesmo a minha vida tinha algum valor, porém vi a situação precária que meu povo estava vivendo e essa foi a motivação que eu precisava para desejar ser um bom rei. Hoje, além do meu casamento, também é a minha coroação, por escolha minha, os dois eventos serão realizados em uma única cerimônia. Em meu quarto me arrumando sem ânimo algum divago em reflexões, lembro do quanto tentei me apaixonar por Rosa, na verdade, tentei para valer, eu não consegui, coração permaneceu fiel a promessa que fiz. 

Sou tirado dos meus devaneios com uma batida na porta, me arrumo e mando que entrem.

— Pronto vossa alteza? Quem deve se atrasar é a noiva, e não o noivo. — Disse o guarda Alex, ele é meu melhor amigo e o único em quem confio.

— Deixe de ser chato Alex! — Sorri com um tom sarcástico.

— Eu, Chato? Que nada! Ande logo, estou lhe esperando, e vê se muda essa cara, pois está prestes a se casar e não indo a um velório — Disse ele saindo do quarto, me deixando só.

Se eu estivesse apaixonado pela noiva, certamente este seria o meu melhor dia, mas nem sempre as coisas são como queremos. Alex é o chefe dos guardas do palácio, ele é como se fosse o meu irmão mais velho, temos pouca diferença de idade, ele tem 30 anos. Após a morte da minha mãe, só me restou Alex, tudo mais é um inferno total. Prova disso é o meu pai, o homem que mais odeio na vida, minha mãe morreu pelas mãos desse homem, sei que foi ele quem a matou, infelizmente não tenho provas disso. Sou um homem arrogante e frio, não há nada que tema nessa vida, e a única coisa que me importa é o meu reino.

Algumas vezes acreditei que podia ser feliz novamente, no entanto, esses pensamentos se desfazem no ar, sinto o amargo e a dor da traição subirem o meu corpo.

Amei, me entreguei, e dediquei a uma única mulher, por ela daria minha vida. No auge da paixão, estava disposto a cancelar o noivado com Rosa e ceder a todos os seus caprichos, contudo fui cruelmente apunhalado. Um belo dia a procurava pelo jardim, a encontrei e nesse momento me arrependi de todos os sentimentos que lhe entreguei, o amor da minha vida estava aos beijos com Sanar, cego de ódio não respondi pelos meus atos e acabei mandando-o para a ala médica. Sanar me implorava para acreditar nele, dizia que foi ele quem tinha a agarrado e ela não conseguia se soltar, ela se empenhou em tentar me convencer a todo custo de que não tinha culpa no que havia acontecido, de nada adiantou, eu deixei claro que não acreditava nela.

Depois do punhal cravado ela ainda o torceu, disse que nunca me amou, que queria se casar comigo apenas para se tornar rainha. Jogou em minha cara que todas as vezes em que eu saia para resolver algum assunto do palácio, ela se adentrava com os guardas. ‘Flashs’ dos nossos momentos vinham em minha mente me fazendo ver quão tolo eu fui em acreditar nessa mulher, se dizia donzela, recatada, ingênua. Fui cego e não vi que me apaixonei por uma mulher que não me amava, uma dor que jamais sentirei novamente, pois não me apaixonarei novamente e nem permitirei que me use outra vez. Prometi a mim mesmo que serei azedo como limão, e não permitirei que ninguém tente se aproximar de mim, para não dar espaço para a decepções, não quero mais sofrer.

Chegamos ao local da cerimônia, é a hora de me casar, como a tradição Rosa está demorando até já imaginava, mas pelo tempo começo a pensar que ela tenha fugido, mas sei que isso não é possível, eu só preciso esperar. O quarto em que ela está se arrumando tem guardas para impedir qualquer coisa que aconteça, mais alguns minutos, ela chega caminhando lentamente pelo chão coberto de flores.

Uma apresentação exuberante, como que mostrando a todas as mulheres presentes como é ser uma rainha. Nos poucos dias que convivi com Rosa, notei que ela gosta de luxo e não mede esforços em humilhar aqueles que não tem nada. Finalmente ela chega até mim, e o padre começa a cerimônia, em um discurso sobre fidelidade e amar até a morte. 

— Agora vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva — Disse o padre 

Beijo a Rosa, mas não sinto nada, eu não a amo. 

— Agora vamos para a coroação do nosso novo casal — Um sacerdote novamente começou fazendo um discurso cheio de bajulação sobre os antigos reis, e sobre mim. 

Ao fim de toda celebração me tornei Rei e me casei, a festa está perto de acabar, a maioria dos convidados já fora embora! 

Eu não me diverti praticamente nada, permaneci a maior parte do tempo sentado, não houve nada que me despertasse o interesse. Em um momento apropriado, saímos do salão para nossa noite de núpcias. Ao amanhecer, minha cabeça está prestes a explodir de tanto pensar nas mudanças radicais de minha vida. Não tem nada nessa vida que me prenda aqui, e ainda estou tentando conquistar a confiança dos meus súditos. 

Levanto, e tomo banho, o dia será corrido, na banheira, que era feita de pedra, Rosa apareceu se juntado a mim.

— Nem me convidou para tomarmos banho junto, meu amor— Disse se aproximando de mim.

— Não precisa fingir, Rosa, nós sabemos que não existe amor entre nós. Apenas na frente dos outros fingimos ser um casal apaixonado.

— Mas nós podemos tentar!— Ela fala alisando o meu rosto. 

— Nós não podemos, pelo simples fato de que eu não quero.— Saio da banheira deixando-a sozinha. 

Tenho assuntos que requerem minha atenção total, em hipótese alguma perderei meu foco.

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