CHARLLES - SÉRIE MÁFIA GAILLARD VOL.2

Titulo do capítulo: Capítulo 1 - O Retorno

Autor: Dani Ferreira





YENNEFER


Dinheiro e poder nunca chegou a ser um problema, para mim ou para a minha família Parasyris. A máfia tem um senso de valores que serve para compor atributos e qualidades muitos valiosos para o código de conduta como:

1- Honre que sua família;

2- Não cobice a mulher alheia;

3- Não guarde ressentimento;

4- Não prometa se não puder cumprir;

5- Pagar as dívidas é tão importante quanto cobrá-las;

6- Respeite a casa dos outros; e

7- Seja sempre forte e nunca demonstre a sua fraqueza.

Não pensem que a máfia é um grupo de anjo, eles são os próprios anjos caídos. Kael Parasyris, meu pai, conquistou o respeito na máfia através do profundo sentimento de sensação de ameaça e obediência.

— Estou muito orgulhoso de você, minha Kori Ele me diz quando chegamos na porta que dá para o jardim da casa dos meus sogros.

Ao meu lado os meus irmãos esperavam por mim para seguirmos, e papai segurava firme o meu braço, como sempre fez desde que eu era pequena transmitindo segurança.

— Só vim porque o senhor me garantiu que Charlles não estaria aqui e também por consideração a família Gaillard que sempre me tratou com muito carinho e respeito.

Com a minha justificativa ele olhou para mim com carinho. Conheço os dois lados do Kael do pai amoroso e protetor e do líder da máfia. Ele sabe agir das duas maneiras na hora certa, tanto comigo como com os meus irmãos. Os meus irmãos Avgust e Artem conheceram mais cedo o lado duro do meu pai e pouco a doçura dele. Quando perguntava ao meu pai porque os tratavam tão duro ele dizia sempre que eles precisavam se tornar homens fortes se quisessem ser um líder algum dia e ficar no seu lugar.

— Você veio porque os Parasyris nunca abaixam a cabeça para ninguém não importa o que aconteça, ninguém pode ver ou perceber a sua derrota.  diz sério olhando para nós três.

Apenas acenei com a cabeça concordando e segurei com firmeza o seu braço.

O meu pai cumprimentou a recepcionista e informou os nossos nomes. A recepcionista confirmou e liberou a nossa entrada, assim que os dois soldados abriram as portas papai nos conduziu a adentrar. O meu olhar foi logo direcionado para o palco onde o meu cunhado estava começando o seu discurso.

Olá pessoal estou vendo que vocês estão se divertindo muito, neste momento quero agradecer a presença de vocês aqui hoje comemorando ao nosso lado o momento mais feliz de nossas vidas, mas estou aqui nesse palco agora para chamar uma convidada especial porque sei que a minha esposa gosta muito dela e que vocês também irão gostar, então eu chamo agora nesse palco nada mais e nada menos do que a Mademoiselle Fizz. Aplausos para ela pessoal.

Aplausos e gritos foram escutados quando ela entrou e agradeceu a todo mundo e dedicou a música Tu sais je vais t aimer aos dois para a primeira dança.

— O Alêxy sabe surpreender.  falo olhando em direção aos meus irmãos.

— O Alêxy não é igual ao seu marido, agapití mou aderfí. Ele dá valor a mulher que tem.  O meu irmão Artem responde.

— Ele não é mais o meu marido.

— De acordo com a igreja e a lei da máfia ele continua sendo. — o meu irmão Avgust diz.

Baixei a cabeça, não querendo que ninguém percebesse o efeito que ele causava em mim. Durante esses anos em que ele desapareceu fiz de tudo para tirá-lo da minha mente e do meu coração matando aos poucos os sentimentos que tinha por ele, e esquecer principalmente o canalha que foi comigo pouco se importando com os meus sentimentos.

O meu marido.

O homem cujo qual jurou perante Deus que iria me amar e proteger para o resto de nossas vidas.

Eu o odeio com todas as minhas forças.

Odeio-me por ter me deixado iludir por mil palavras bonitas e vazias. Quando o mesmo virou as costas para mim quando implorava por ajuda e simplesmente fez a pior ação possível, piorando a dor que sentia.

— Só na lei que ele continua sendo, porque na minha vida ele já morreu faz muito tempo. Se o tempo pudesse voltar eu gostaria de nunca ter lhe conhecido. - dou a resposta olhando para os meus irmãos e em seguida direciono o meu olhar para o meu pai.  o senhor tem certeza que ele não vem? Só quero reencontrá-lo no dia de assinarmos o divórcio.  perguntei segurando o braço do meu pai. Mesmo não sendo mais aquela jovem bobinha e ingênua de quando me casei.

— Sinto muito arkoudáki mou ele está de volta. Como o seu irmão disse pela lei ele ainda é o seu marido, mas não irei permitir que ele a leve.

Estou presa a um casamento sem amor, na verdade havia amor, mas apenas da minha parte.

Sempre fui apaixonada por Charlles desde criança, na adolescência já imaginava nos dois casados, que ele olharia para mim com amor e teríamos os nossos cinco filhos.

Passei os anos da minha vida vendo o amor da minha vida saindo com várias mulheres, mesmo já estando casada com ele. Ele sabia que o amava e muitas vezes me amaldiçoei por isso, por não conseguir matar esse amor maldito em meu coração. Muitas vezes eu, fraca e apaixonada ele me procurava e me entregava por inteira à noite de amor, aproveitando cada minuto o prazer que ele me proporcionava.

No dia seguinte ele saiu do meus braços e disse que tudo não passou de um engano, um erro, que a bebida o dominou e que me aproveitei da situação. Ele me renegava, dizia que me odiava, e mesmo assim, me procurava a noite. Quando estava com a minha lingerie, ele agarrava-me com força e eu podia sentir o quão duro estava por mim, e então me entregava novamente para ele, não consegui controlar o desejo que sentia era mais forte do que eu.

Durante o dia me desprezava e isso me machucava, mas desejava que o seu sentimento por mim mudasse, que a prendesse a me amar, mas nunca aconteceu só recebia desprezo, traição e ódio.

Esse amor me fez acreditar no que não existia e me cegou por anos nos quais eu cedia o meu corpo a cada noite que ele me procurava, me entregava por inteira, cega pelo amor que sentia.

Amei Charlles até ele me trair com a nossa vizinha no escritório da nossa casa, nesse dia tudo mudou dentro de mim, me fechei, saí com o carro em alta velocidade que acabou ocasionando no meu acidente que poderia ter me levado a óbito, mas foi nesse mesmo dia que descobri que carregava os nossos bebês que selariam os nossos laços para sempre.

Várias vezes no quarto, o meu olhar corria para a porta, na esperança de vê-lo entrando, que dissesse que me amava, que amaria os nossos bebês, mas tudo não passou de uma ilusão, Charlles nunca apareceu, não queria nada comigo e não desejaria ter os nossos filhos, eu era apenas uma diversão noturna.

Mesmo com toda a rejeição eu ainda fiz planos para o futuro por dois longos anos, ansiava que ele voltasse, mas sabia que lá no fundo do meu ser que ele não voltaria, mas mesmo assim eu desejei um milagre que ele voltasse e nos tornassem a família que sempre sonhei e desejei.

Desde o trágico acidente e a alta do hospital, somente eu, papai, os meus irmãos e os empregados da casa do meu pai sabiam da minha gravidez. O hospital não foi autorizado a passar informações sobre mim para ninguém.

Quando estava no segundo trimestre da gestação e estava tomando banho senti uma dor muito forte e o sangue começou a escorrer por minhas pernas, gritei desesperada por meu pai e os meus irmãos, os três apareceram no banheiro e me viram ensanguentada, e contorcendo-me dor, chorando porque eu não queria perder os meus filhos, o meu irmão Avgust colocou-me nos seus braços e saiu correndo até o seu carro, levando-me até o hospital.

— Vai ficar tudo bem, querida.  o meu pai disse acariciando o meu rosto.

Quando entrei no hospital fui rapidamente atendida. Enquanto estava sendo carregada na maca implorei para salvarem os meus filhos, depois disso só lembro de acordar, olhar para o lado e ver o meu pai sentado em uma poltrona em um quarto branco.

— Pai.  o Chamei sentindo a minha boca seca.

— Que bom que acordou. Quer um pouco de água?

— Sim. Onde estou?

— Está no hospital.

Tomei um pouco da água. Olhei para ele ainda atordoada as lembranças foram voltando.

— Eu perdi?  tive dificuldade em dizer.  Perdi pai?

— Não. Vocês estão bem.

— Graças a Deus!  respirei aliviada.

Mas irá ficar em repouso, não pode ter emoções fortes, a sua gestação é delicada.

O médico passou as recomendações e segui a risca tudo e no final da gestação nasceram os meus filhos o Mathew e o Henry lindos e saudáveis.

— Ele pode ser o meu marido no papel, mas não o considero mais desde o dia que descobri a sua traição e fui parar no hospital por causa dele.  falei em quase um sussurro sentindo novamente a mesma dor daquele fatídico dia.

O meu pai abraçou-me e os meus irmãos também, entendendo o que deve estar se passando na minha cabeça com o retorno dele.

Neste exato momento eles só se importam comigo.

O amor, a lealdade e a confiança são a base estrutural da minha família e da minha vida. E foi a minha família com o seu amor, carinho, compreensão e dedicação que me ajudarão a reerguer e seguir em frente, quando o homem quem eu amei me destroçou.

Por longos nove anos eu me entreguei a ele e fiz de tudo para que o nosso casamento fosse harmonioso e desse certo, tivemos os nossos altos e baixos como todo casal, mas superamos bom assim eu imaginei.

Faríamos treze anos de casados mês que vem e teríamos uma grande comemoração, mas agora sabendo que ele está de volta o meu mundo começa a girar de um jeito que parece que não vai parar nunca e que serei jogada em seu mundo novamente sem piedade.

— Querida vamos aproveitar o casamento e amanhã conversaremos sobre ele, até porque hoje é uma noite de festa. - Meu pai diz olhando em meus olhos.

— Ele não ousará chegar perto de você ou dos meus sobrinhos, porque se o fizer será um homem morto, só por ter feito você sofrer. - O meu irmão Artem fala em tom ácido.

— Não quero que o mate.  o meu irmão desviou o olhar de mim e fixou o olhar em Charlles.  Você não irá matá-lo, Artem. Está me ouvindo? Se o fizer estará provocando uma terceira guerra mundial entre as famílias.  Terminei de falar olhando em direção ao homem que deixou de ser o meu marido.

Agora é totalmente oficial.

O meu inferno pessoal estava de volta, mais irresistível do que nunca.

O meu dita cujo marido voltou.

— Se ele ousar vir falar com você ou te tocar não terei misericórdia alguma dele.

Os meus irmãos sempre foram super protetores comigo desde pequena, não deixavam nenhum garoto chegar perto de mim. Sempre diziam que nenhum estava a minha altura.

— Não precisa mata-lo, porque ele terá a sua devida punição na hora certa.

— Eu e o Avgust podemos adiantar o dia do julgamento dele.

— Do que irá adiantar se no final eu acabar sem os meus irmãos e também não sou mais a garota ingênua de antes sei me defender agora.

— Valerá apena sofrer a punição depois por ter te livrado desse canalha.

— Não, não valerá apena e o nosso pai sempre nos ensinou que antes de qualquer batalha o planejamento é tudo. Assim que começar o tiroteio, planos são inúteis.

— O único plano que tenho é que ele não a terá de novo, irmã. — Enquanto ele pronunciava cada palavra os seus olhos pareciam duas labaredas de fogo e ódio quando me encaravam.

Enquanto dançávamos fiz de tudo para não olhar para ele mas senti que o seu olhar me queimava por dentro

Dava para perceber em sua postura que Charlles tinha mudado.

Mas eu não sou mais a mesma Yennefer de antes.

Não paro de pensar como ele reagirá quando receber o meu pedido de divórcio.

Finalmente ficarei livre deste canalha e mulherengo para sempre.

 

VOCABULÁRIO GREGO:

Agapití mou aderfí = MINHA QUERIDA IRMÃ

Arkoudáki mou = MINHA URSINHA

Kori=FILHA

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