CHARLLES - SÉRIE MÁFIA GAILLARD VOL.2

Titulo do capítulo: Capítulo 3 - Nostalgia

Autor: Dani Ferreira

CHARLLES


Pego o meu paletó e o coloco, olho para o espelho passo a gravata ao redor do meu pescoço, começo a dar o nó quando olho para a cama e tenho a visão de Yennefer a espreguiçar na cama. Nossos olhos acabam se cruzando pelo espelho, não posso negar que ela é muito bela e sinto tesão toda vez que a vejo, e sinto que não acabará nunca.

Com a Yennefer o meu casamento foi por contrato. Quando o meu pai me deu a lista de candidatas e vi o seu nome, na hora eu a escolhi. Tentei ao máximo não demonstrar o meu sentimento.

Celei o nosso destino para sempre sem nenhum ressentimento. Assumi a responsabilidade de que não poderei ser feliz com ela, pois, não sou capaz de corresponder ao seu amor à altura que ela merece, mas também não posso deixá-la ir. Possivelmente a fiz sofrer, lhe trouxe decepção, ressentimento e quem sabe até fragilidade.

Espero que ela tenha aprendido a dura lição de que quando blindamos o nosso coração em uma fortaleza de aço, conseguimos viver sem nos prender a ninguém e apenas focamos em nossos objetivos.

Posso a ter machucado em cada vez que demonstrou carinho e amor, e eu a desprezei com gestos e palavras para mantê-la distante da minha escuridão. Não posso deixá-la entrar no meu mundo porque sei que sairá quebrada e perderá toda a sua alegria, por isso, amor não faz parte deste casamento.

Estou fazendo o meu papel de mantê-la segura e garantir as suas integridades física e mental intactas.

Yennefer é bem fogosa na cama, tem um sorriso lindo, atrevido e um corpo de tirar o folego. Ela aguenta ser fodida a noite toda e isso me atrai pra caralho. Yennefer virou o meu vício. Quanto mais a tenho, o desejo só aumenta.

Para aplacar a minha vontade de tê-la, comecei a sair com outras mulheres, a dormir fora de casa, mas toda vez que a olhava sentia remorso, algo que nunca tinha sentido antes, por a estar ferindo.

Os pensamentos sacanas só aumentavam ao ver a minha esposa sexy pra caralho naquele vestido no casamento do meu irmão, a Raquel serviu para aplacar o meu desejo.

A minha vida tem sido uma merda desde criança e neste casamento tem sido um inferno! Ando em uma luta interna sem trégua.

Continuo olhando para a cama e posso ouvir a sua voz dizendo:

— Irá jantar comigo hoje? — Pergunta mordiscando o lábio inferior.

Só de ver essa imagem a minha vontade é de estar dentro dela, a possuindo e confirmando que ela pertence somente a mim.

— Não. Tenho uma reunião e não sei que horas irá terminar. Não me espere acordada.

— Pedi para a senhora Perséfone fazer a sua sobremesa favorita: profiterole e ópera. Irei esperá-lo para que possamos saborear juntos.

— É melhor não me esperar, até porque, não sei que horas irá terminar a reunião. Não perca o seu sono por mim.

— Quero comer a sobremesa com o meu marido e depois dormirmos juntos, ou até mesmo assistirmos a um filme. Até onde sei não é crime querer estar junto do meu marido. — Quando os nossos olhares se encontraram novamente, percebi que a machucava com as minhas palavras, mas foi para o bem dela.

— Você é quem sabe, faça como quiser. — Lembro que andei até a porta e me despedi, fui em direção à escada e a ouvi dizer que me esperaria, enquanto desci a escada, então andei até a porta e me fui.

Na época eu tentava ao máximo ficar longe dela, sempre inventando uma reunião ou ficando horas trancado no meu escritório, ou até mesmo fazendo hora extra na delegacia, só para não feri-la ainda mais e manter o meu corpo longe do dela. Não me sentia bem ao lhe causar sofrimento.

A Yennefer é uma mulher exuberante e inteligente merece ser feliz, formar uma família e ter os filhos que tanto deseja. Não merece ter um marido que lhe trai e, a qualquer custo, lhe quer distante, mas que não consegue renunciar a tê-la ao seu lado. Que vida! Que existência miserável, a nossa!


***


Antes que eu possa terminar de me arrumar, ouço duas batidas na porta me tirando das minhas lembranças.

— Quem é?

— Sou eu, Charlles. Deixaram uma mensagem para você.

— Pode entrar, Scott. Quem deixou a mensagem para mim? E o que dizia?

— Pelas imagens da câmera, não deu ainda para identificá-la, mas pelo pouco que deu para ver, não a reconheço. A mensagem só dizia que ela está viva.

— Quero fotos de cada ângulo que puder, do rosto dela. Encontre essa mulher, preciso saber o que ela sabe.

— Já comecei a fazer isso.

— Consiga tudo o que puder e mande as imagens para mim. — Ordeno com a minha voz cheia de fúria.

— Não perca a cabeça agora, Charlles. Vamos encontrar essa mulher que deixou a mensagem. Irei mandar os homens se preparem para a sua saída.

— Ainda não mande ninguém ficar de prontidão, preciso me acalmar primeiro, antes de sair.

— Você realmente pensa que ela pode estar viva? Ela pode ter sido eliminada há muito tempo.

Passo a mão pelo cabelo, exasperado.

— Você pensa que já não passou isso pela minha cabeça, por todo esse tempo? Todos os dias penso sobre isso. Maldição! Quando eu descobrir o paradeiro, e quem é o culpado, terá uma morte bem dolorosa, e desejará nunca ter cruzado o meu caminho!

Antes que Scott possa falar algo, o meu celular toca informando que chegou uma mensagem, vejo que é da Alícia e que enviou uma foto da Yennefer dançando colada com o Kim Wan Kyu.

Scrotum! Aperto o celular com força ao ver a imagem quase o esmagando.

— O que aconteceu? — Scott pergunta percebendo a mudança do meu semblante e o timbre da minha voz.

— É a Yennefer. — Falo com mais ódio ao imaginar aquele crápula a tocando.

— O que é que tem ela? Ela está bem?

— Ela está ótima! Estava até dançando com o Kim Wan Kyu ontem.

— Aconteceu algo depois?

— Aconteceu que ela estava dançando coladinha com ele!

— Ah! É isso. — diz rindo. — Por isso, essa cara de cão raivoso. Charlles, não pode reclamar porque você saiu da festa com a prima da sua cunhada.

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ela não podia dançar desse jeito com ele na festa. Ela é a minha mulher o que os outros devem ter falado lá e ainda devem estar comentando. A Yennefer me deve respeito.

— Você sabe que está agindo de forma machista, não é?

— Quero ver você falar isso quando estiver casado. Vamos parar com essa conversa porque a minha raiva só aumenta! Preciso ficar um momento sozinho quando for sair te aviso.

— Isso não irá acontecer tão cedo. Gosto da minha liberdade. Respira, cara! Irei verificar a imagem da mulher.

Sai do quarto me deixando com a raiva me consumindo. Só sei que preciso de ar esse quarto parece que está me sufocando.

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