Ela Em Minha Vida - A Filha do Meu Melhor Amigo

Titulo do capítulo: PRÓLOGO

Autor: Sandra Lymah

Tudo tem um começo. Seja a amizade, ou a inimizade, o amor ou o ódio.

Eu sou Luiz, e recebi meu posto na Unitatis, herdando-o de meu pai. Mas ainda assim, tive que provar que era digno de recebê-lo. E sei que também será assim com meu filho.

Meu melhor amigo, Carlos, também recebeu o posto de seu pai. Nós crescemos juntos. Nos conhecemos ainda crianças, no primeiro ano de escola, e morávamos perto. Mas, como nossas famílias não mantinham negócios, não nos conhecíamos bem.

Não que fôssemos de famílias rivais. Nada disso! Mas sempre houve uma certa disputa de território e, quando começamos nossa amizade, eu e Carlos decidimos que não seria assim entre nós dois! Que iríamos crescer juntos, tanto como pessoas, quanto nos negócios, e que nossos territórios, se fundiriam, tornando-se ainda maior. Então fizemos um trato, quando ainda éramos adolescentes: trabalharmos juntos! E começamos a colocar o nosso acordo em prática, quando começamos a receber nossos postos de nossos pais, aos dezoito anos.

Não é uma cerimônia de “passar o bastão” para o sucessor. Muito longe disso! Mas tínhamos que ser treinados para assumir as “cadeiras”, que logo seriam desocupadas por nossos pais, e ocupadas por nós.

Aos vinte e um, quando recebemos nossos cargos, descobrimos que nossos pais também foram amigos, quando mais jovens. E que decidiram juntos, entrar na organização. Mas, diferente de nós, eles tiveram que galgar cada degrau, até se firmarem como líderes, e se decidiram ser, cada um, seu próprio líder, tendo seu próprio território, além de seus próprios subordinados.

Carlos e eu, também temos nossos próprios subordinados, mas isso não nos impede de os emprestarmos um ao outro, ou tomar decisões sozinhos.

Eu me casei antes dele, mas fizemos um acordo: nossos filhos nasceriam num mesmo período, o mais próximo possível, para crescerem juntos, e serem amigos como nós somos, ou até mais unidos do que nós pois, crescerão juntos. Bem, pelo menos é o que esperamos… mas isso, o futuro vai dizer!

Estou chegando aos trinta, e vou me casar na próxima semana. Minha futura esposa, Ana, é uma pessoa adorável! Sua família, apesar de não fazer parte da organização, é totalmente a favor do nosso casamento, e eles já foram protegidos por nós, algumas vezes. Não foi nada muito grande para nós, mas para eles foi. Pelo menos, é o que falam seus pais.

Foi mais um daqueles casos de família que perdeu tudo, e meu pai se sensibilizou, dando a eles uma boa moradia, um pequeno pé de meia, no começo, e emprego digno para o pai poder sustentar sua família, sem ter que mendigar ou se humilhar para ninguém. Quando soube que eu estava namorando Ana, quase deu uma festa, mesmo com alguns parentes falando, o tempo todo, que ela seria esposa de mafioso.

Esse é o problema de muitos seres humanos: criticam o tempo todo, sem ir a fundo no assunto Eu não vou espancar minha esposa, eu combato esses atos hediondos! Muito menos vou viciá-la em drogas! Use quem quiser, mas não gosto dessas práticas! Eu mesmo, nunca experimentei drogas, sei os possíveis fins que elas podem dar aos seus usuários!

Existe uma lei, que não é muito divulgada, é uma coisa que se aprende, observando ao seu redor: quem vende, não consome esse tipo de produto, ou nunca alcançará fortuna e status!

Carlos segue o mesmo lema! Mas vai demorar um pouquinho mais para se casar, então, eu e Ana, já combinamos que vamos esperar dois a três anos, para ter nosso bebê e, se não for um menino, vamos tentar mais depois.

Ambos queremos um menino. Sabemos que é mais fácil adaptar um homem na Unitatis, do que uma mulher, pois a maioria ali dentro, é muito machista! Não compactuo da opinião da maioria, longe disso! Mas não quero que uma mulher seja sujeitada a acatar as ordens dos demais, por não ser ouvida por eles. Pelo menos, não quero que aconteça esse tipo de coisa, com uma filha minha! Ouvi muitos comentários do meu pai, sobre mulheres tentando entrar na organização, e acabar como secretária, faxineira, ou apenas pau-mandado dos outros membros.

Uma semana, passa rápido, e eu estou cada dia mais nervoso, com a chegada do casamento. Ganhamos a festa e a cerimônia, de presente dos meus pais. Como já tenho meu posto na organização, e as coisas estão indo muito bem, minha lua de mel, será parte na França, parte no nordeste brasileiro.

Será a primeira viagem internacional de Ana, e ela já havia me dito que gostaria de conhecer esses lugares. E qual seria a melhor ocasião para ir a um lugar que deseja muito conhecer, que não seja a própria lua de mel? Claro que faremos outras viagens assim! Mas achei legal começar esse matrimônio, realizando seus desejos e vontades.

 — Cuidado com o que vai aprontar em sua despedida de solteiro, Luiz Vermattos! — ela me diz com uma expressão severa em seu rosto.

 — Meu amor, os rapazes só vão me embebedar, eles já prometeram! — eu beijo seus lábios, abraçando sua cintura fina, tentando tranquilizá-la. — E você sabe que estou me guardando para o grande dia, não é? — ela fica vermelha, e tenta esconder o rosto em meu peito, mas eu não lhe dou chance de fazê-lo, beijando sua boca com paixão, e ela abraça o meu pescoço.

 — Minhas primas e minhas amigas, querem me levar para um baile no centro da cidade… — ela fala suavemente, ainda com o rosto avermelhado.

 — Quem sabe nos encontremos lá? — beijo sua testa, e a trago para mais perto, em meu abraço, e ela estreita os braços em torno do meu pescoço.

 — Vocês vão para lá também? — ela encosta a cabeça em meu peito.

 — Eles não me falaram nada, mas é uma possibilidade. Os Preferiti, meus e de papai, estão organizando tudo, mas mamãe já disse a eles e meu pai, para não fazerem nada que te deixasse chateada. Então acredito que, será apenas baile e bebida.

 — Eles costumam ouvir sua mãe? — eu a sinto sorrir.

 — Papai sempre a ouve, então, ele vai fazer com que os outros a ouçam também.

Casamento, lua de mel… um ano de casados! Nossa vida é maravilhosa, e realmente só falta termos um filho, para que tudo fique ainda melhor! E agora, a namorada de Carlos, já tem idade para se casar, ou quase, já que o casamento será no aniversário dela. E eles já combinaram de engravidar, um mês depois do casamento, então, Ana vai parar de tomar o anticoncepcional que, segundo os médicos, perde seu efeito em mais ou menos um mês, e até nos ensinaram a perceber a ovulação. Portanto, quando Carlos e Maria voltarem da sua lua de mel, tentaremos colocar nosso plano, de termos filhos, se possível no mesmo dia, em prática!

Eles se casaram em início de novembro, e começamos a tentar em dezembro. Em janeiro, vieram as confirmações das duas gravidezes! Ficamos muito felizes, em saber que nossos filhos estão sincronizados! Nossos pais acham besteira, mas nós sabemos que, desse jeito, poderemos uni-los ainda mais do que nós dois somos.

Infelizmente, meu pai não viveu o suficiente, para ver seu neto nascer. A pressão alta, e mal cuidada, o fez ter um derrame que o deixou internado por uma semana. E os médicos disseram que ele teve mais um, na quinta-feira de manhã, que lhe tirou a vida. Apenas dois meses e alguns dias, antes do parto de meu filho, e eu o homenageei, lhe dando seu nome.

O filho de Carlos, nasceu três dias depois, e também é um menino! Conseguimos realizar nossos planos, já na primeira tentativa. E isso é uma grande bênção!

Minha mãe, apesar de estar sempre conosco, e brincando com o neto, se entristeceu demais pela partida de meu pai. Eu costumo dizer, que ela resolveu se juntar a ele, dois meses e alguns dias, depois de Raphael fazer um ano.

Eu fiquei muito arrasado com as duas percas mas, nas duas vezes, tive que me lembrar que meu filho e minha esposa, precisavam, e precisarão de mim, e que é por isso, que a gente se casa: para termos nossa própria família, e temos sempre que cuidar dela! E, coincidência ou não, meu pai falou isso para mim, três dias antes de ter o primeiro derrame.

Cada vez que vejo meu filho fica doente, coisas de criança, momento em que eu tenho que levá-lo ao médico, ou mesmo quando Ana fica doente, eu sempre vou até a foto de meu pai, sorrio para ele e digo:

 — Obrigado pelo sábio conselho, pai! — então me viro para a minha mãe. — Cuida dele, mãe! Não deixa ele fazer besteira, por favor! Quando eu estiver velhinho, eu me junto a vocês!

Então eu beijo seus retratos.

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