
ESCRITO NAS ESTRELAS
Titulo do capítulo: Lena Perfeitinha
Autor: Pauliny Nunes
Abra os olhos, Lena. — Pediu a mãe de Helena, fazendo a filha abrir os olhos em frente ao espelho.
Regina suspirou ao ver a filha vestida lindamente naquele vestido branco estilo princesa, repleto de rendas, do jeito que a mãe da noiva havia imaginado. Helena poderia até dizer estar surpresa, mas mentiria, pois, conhecendo sua mãe, sabia que o vestido não sairia menos que perfeito. Aliás, perfeito era o lema de Helena que, desde pequena, tinha certeza de como seria sua vida. Ou melhor, a vida imposta por Regina para Helena desde a noite em que Augusto, pai da jovem, pôs fim ao casamento com Regina, sua mãe, na frente dos filhos.
Marcelo era mais novo e pouco entendia, mas a menina entendia muito bem a discussão dos pais que, em um determinado ponto, culminou no diálogo que mudou para sempre a vida de sua família:
— Então diga, Augusto, o que você quer de mim?
— O que eu quero é uma esposa abnegada, submissa e que me trate como o homem que eu sou! Eu sou o chefe dessa família e não você!
— Engraçado, achei que para ser chefe de alguma coisa precisava trabalhar e ganhar dinheiro! E, no caso, você não faz nenhum dos dois! Sou eu que me desdobro para essa família ter o que comer!
— Sim, pois até isso, Regina, você tomou para si! Chega, estou cansado de ser o motivo de chacota por parte dos meus amigos. Eu preciso de uma esposa que me escute, que siga o que eu mando e não me questione... E você não é capaz disso. Então chega, estou indo embora.
E foi assim que o pai de Helena saiu de cena e deu lugar à mãe da criança, fazendo de tudo para transformar a filha na mulher idealizada por Augusto. Primeiro, Helena deveria focar nos estudos, pois assim conseguiria ingressar na faculdade de Direito, mas não deveria exercer, pois seria apenas algo para colocá-la no círculo certo para conhecer seu marido, a quem dedicaria sua vida sendo dona de casa. Algo que, infelizmente, sua mãe não pôde fazer, pois quando o pai de Helena foi embora, a última coisa que Regina conseguiu fazer foi cuidar de seus filhos em casa.
Helena viu todo o sofrimento de sua mãe e prometeu a si mesma que não passaria por isso. Não mesmo, ela apenas tinha que seguir o roteiro elaborado por Regina. E assim o fez; no segundo ano de faculdade, conheceu Leandro, herdeiro de uma rede de hotéis que fazia administração. Desde que se viram, não se desgrudaram mais. Em poucos meses, ela conheceu os pais do jovem, que a consideraram uma jovem adorável e digna de um compromisso sério que veio logo em seguida, a pedido de Helena convencida por Regina, no Dia dos Namorados, para ser algo marcante.
O noivado também não foi muito diferente; foi na data do primeiro beijo deles, com direito a discurso do noivo redigido por Helena através da influência da mãe. Aliás, tudo foi muito bem orquestrado por Regina. Toda a organização do casamento teve dedo de Regina, para agonia da equipe de cerimonialista que tinha que lidar com o cronograma e as infinitas listas enviadas por e-mail. A propósito, o casamento foi marcado justamente na data do aniversário de trinta anos de casamento dos pais de Leandro. A lista de convidados também foi elaborada milimetricamente com as pessoas certas, incluindo os chefes de Lena, que, segundo a mãe da noiva, ao ver a felicidade dela, facilitariam sua saída da empresa sem que a própria precisasse pedir demissão. Faz sentido? Talvez para os meros mortais não, mas para Regina fazia todo sentido.
A lua de mel ficou a cargo de Helena, mas com inúmeras recomendações de Regina, que deixou bem claro que deveria ser do agrado de Leandro e assim foi. Leandro sempre sonhou em fazer uma viagem para Paraty e praticar seu esporte favorito, o ciclismo, além de trilhas, mergulho, surfar e outras atividades esportivas. Aliás, Paraty foi escolhida para satisfazer Leandro de conhecer a cidade litorânea carioca. Sim, Helena tinha plena consciência que sua lua de mel não parecia nada romântica e não tinha muito a sua personalidade, até porque toda vez que ela contava do roteiro preparado, as pessoas ficavam questionando:
“Lua de mel é para o casal, o que planejaram para os dois?”
“E quanto à parte romântica?”
“O que você quer, Helena?”
“E quanto a você, o que você quer fazer?”
A única coisa que Helena fazia era sorrir e dizer que, para ela, os planos estavam perfeitos e que o importante era que Leandro ficasse feliz, pois a felicidade dele era a sua também.
— Estou entrando.
A porta do quarto se abriu, permitindo que Marcelo, seu irmão, entrasse. Ele a encarou por alguns instantes, admirado com a beleza nupcial de sua irmã, que permaneceu analisando cada detalhe do vestido em busca de qualquer defeito.
— Uau, você está linda... — Elogiou Marcelo, sendo ignorado pela irmã. Ele começou a agitar os braços na direção da irmã enquanto dizia: — Lena, você está linda... Ei, Lena! Terra chamando Lena!!
— O quê? — Perguntou Lena, irritada com o irmão.
— Eu tô bem? — Perguntou o irmão, mostrando seu smoking preto para a irmã, que fez uma careta. — O que foi?
— Sua gravata está torta. — Falou a irmã, se aproximando de Marcelo e praticamente o enforcando com a gravata. Em seguida, ela ajeitou a camisa, o cinto e arrumou a lapela. — Agora, sim, menos pior.
— E com vocês, Lena perfeita. — Zombou Marcelo, recebendo um olhar fuzilante da irmã. — Coitado do Leandro que vai ter que te aturar para o resto da vida.
— Marcelo, deixa sua irmã em paz. — Pediu Regina, séria. — Bom, acho que já podemos ir, ou vamos ter de pagar a multa da Sala... e a Sala São Paulo não é nada barata.
O casamento foi organizado no patrimônio histórico de São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a orquestra preferida dos pais de Leandro. Tudo bem que assistir à Orquestra não era algo dentro da realidade de Helena, mas Regina a convenceu a frequentar para agradar seus sogros e agora a filha se casaria na Sala São Paulo.
— Marcelo. — Chamou Helena, observando a mãe arrumar o buquê de rosas vermelhas que simbolizavam a primeira rosa dada por Leandro para Helena. O irmão encarou a jovem com cara de poucos amigos: — Você que teve a ousadia de levar o meu noivo em uma despedida de solteiro, verificou se ele está bem?
— A despedida de solteiro que você e a mamãe me obrigaram a encerrar às dez horas da noite, sem qualquer tipo de bebida alcoólica? Se você está falando dessa, não se preocupe, deixei seu noivo em casa são e salvo.
— Okay, ele precisa estar na Sala São Paulo às 18 horas. — Falou Regina, encarando seu caderno de anotações. — Nós ainda temos as fotos dentro de trinta minutos.
— Ótimo. — Falou Helena, encarando o espelho enquanto fazia algumas caretas para ele.
— Mas o que é isso? — Perguntou Marcelo, incomodado com as expressões da irmã. — O que está fazendo?
— Sua irmã está treinando expressões para o casamento. — Respondeu Regina no lugar da filha. — Ela não pode sair nas fotos do casamento horrorosa. O serviço do fotógrafo é caríssimo.
— Era só contratar um cara mais barato. A propósito, esse casamento poderia ser bem mais barato... — Comentou Marcelo, se jogando no sofá. — Maior desperdício de dinheiro isso tudo. E para quê? Para as pessoas comerem, beberem e ainda saírem falando mal de tudo! Sei lá, tanta coisa melhor para investir…
— Tudo bem, Marcelo. Eu já escutei essa sua ladainha umas mil vezes! — Reagiu Lena,
irritada. Ela se virou para o irmão e continuou: — Porém, eu quero isso! Eu quero um casamento pomposo e caro!
— Você quer, ou a Dona Regina quer? — Provocou Marcelo, recebendo um olhar fuzilante de sua mãe.
— Marcelo, vai procurar o que fazer. Esse não é o momento para você irritar sua irmã. Ela precisa entrar calma na igreja. — Falou Regina, se aproximando do filho e o puxando do sofá. — Então, vá. Veja se está tudo em ordem lá fora. Anda!
— Ok, ok... — Falou Marcelo, encarando sua irmã. — Maninha, se você quiser sair desse cativeiro, pisque duas vezes.
— Sai daqui! — Gritou Helena para o irmão, que caminhou rindo em direção à porta.
Ela voltou a encarar o espelho, treinando suas expressões enquanto sua mãe continuava repassando o cronograma do casamento. As duas estavam concentradas quando a porta se abriu novamente:
— O que você quer, Marcelo? — falou Helena se afastando do espelho. Quando olhou em direção à porta, encontrou a figura de seu noivo usando calça jeans e camisa polo traje bem diferente do que foi escolhido para o casamento. — Leandro, o que faz aqui?
— Lena, precisamos conversar. — respondeu Leandro, sério.
— Leandro, meu bem? O que é isso? — perguntou Regina, surpresa, se aproximando. — É inapropriado o noivo ver a noiva antes do casamento.
— Senhora Regina, eu preciso falar com a Lena.
— Sobre o que você tem a conversar com a minha filha pouco antes do casamento? — perguntou Regina, controlando sua irritação. — Que assunto seria tão importante que não pode esperar até depois da cerimônia?
— Se eu não conseguir falar com a Lena agora, provavelmente não haverá casamento. — explicou Leandro, sério.
— Tudo bem, fale o que tem a dizer, estamos prontas. — pediu Regina, abrindo seu caderninho.
— Eu quero falar a sós com a minha noiva. — disse Leandro, irritado. — Será que posso?
— Leandro, querido... Não há nada que precise falar com a minha filha que eu não possa estar presente.
— Justamente esse é o problema: você! — falou Leandro, encarando a sogra e depois sua noiva. — Helena, será que você pode pedir para sua mãe se retirar para conversarmos, ou até isso terei que fazer por você?
— Mamãe, por favor, nos deixe a sós. — pediu Helena para a mãe, que a encarou, surpresa. Regina podia jurar que Helena a defenderia daquela fala ríspida de Leandro. A filha encarou Regina, pedindo mais uma vez: — Por favor.
— Está bem. — concordou Regina, encarando o relógio. — Porém, seja breve, pois temos apenas vinte e cinco minutos antes de começarmos com as fotos.
Regina caminhou vagarosamente pelo espaço, pegando sua bolsa, ao mesmo tempo em que torcia para que Leandro começasse o assunto em sua presença, algo que não aconteceu. Então, ela saiu, deixando o casal a sós. Helena encarou o noivo, séria, enquanto dizia:
— Não precisava tratar a minha mãe daquela forma.
— Sério? Eu queria você a sós, ela querendo se meter, e eu saio como errado? Mais uma vez eu sou o errado? — questionou Leandro, irritado. — Eu estou cansado.
— Cansado? — questionou Helena, sem entender. — Cansado do quê? Da festa de ontem? Eu falei para o Marcelo não fazer essa festa de despedida... Eu sabia que não ia dar certo…
— Não, não é isso. Eu estou cansado de tudo. Estou cansado desse casamento, da sua mãe… Estou cansado de você! — soltou Leandro, fazendo os olhos de sua noiva arregalarem em sua direção. — Estou cansado de nós!
— Leandro, você deve estar nervoso. — falou Helena, ignorando a fala de seu noivo e se aproximando dele. Ela segurou o rosto de seu noivo entre as mãos, forçando-o a encará-la. Havia treinado isso com sua mãe, o momento em que o noivo poderia ficar tão nervoso que poderia cogitar desistir do casamento. E isso, segundo Regina, era inadmissível. — Acontece com todo noivo às vésperas do casamento, não se preocupe, vai dar tudo certo. Você só precisa voltar para casa, se arrumar, me esperar no altar que você vai ver que é como deve ser.
— Lena, por que você quer se casar comigo? — perguntou Leandro, sério. — Seja honesta: por qual motivo você está se casando comigo?
— Porque é o certo, tolinho. — respondeu Helena, sorrindo diante de sua resposta que era óbvia.
— Só por isso? — questionou Leandro, insatisfeito com a resposta.
— Como assim, “só por isso”? Justamente por isso que estou me casando com você. Porque estamos juntos há muito tempo e é natural que a gente se case. Minha mãe ficou insistindo, lembra? Quem namora muito não casa, foram as palavras dela. E a sua mãe também queria — respondeu Helena, que ficou surpresa ao ver Leandro afastar suas mãos de seu rosto. — O que foi? Não era essa resposta que você queria?
— E você? Você desejava casar comigo?
— Claro, Leandro! — respondeu Helena, ajeitando os fios castanhos que pareciam querer se soltar no penteado. — Por que a pergunta?
— Porque eu não queria... E eu não quero me casar agora... — revelou Leandro, deixando sua noiva em choque.
— O quê? Como assim? Por quê? — perguntou Helena, procurando o sofá para se sentar. — Por quê?
— Helena, eu sempre disse que desejava me casar por amor. — começou Leandro, encarando sua noiva. — Por isso eu não posso me casar com você... Porque eu não amo você. E depois de ontem, da conversa que tive com seu irmão, você também não me ama…
— O que teve ontem? O que meu irmão disse a você? — questionou Helena, irritada.
— Nada, seu irmão não disse nada que eu já não soubesse. Helena, você não quer casar comigo.
— Quero sim! — reagiu Helena, já em prantos.
— Não, você não quer! — negou Leandro.
— Por favor, Leandro, eu já disse que eu quero.
— Helena, o que você quer é cumprir o plano maluco que a sua mãe criou para sua vida. — falou Leandro. — Aliás, tudo. Nosso namoro, nosso noivado, nosso casamento... Tudo! Tudo está sendo seguido conforme esse plano maluco da sua mãe! Helena, o que você quer da vida?
— Eu quero você!
— Depois de nos casarmos, você vai sair do emprego e vai ficar em casa, cuidando dos nossos filhos, da casa e de mim. Servindo a mim como se eu fosse o magnânimo. Você nem ao menos me consultou sobre isso para saber se eu também quero.
— É isso o que todo homem quer. — rebateu Helena, enxugando as lágrimas. — Todo homem…
— Não, eu não quero uma mulher assim. — rebateu Leandro.
— Está bem, então eu trabalho, sem problemas. — afirmou Helena, sorrindo para Leandro.
— Sabe, você agindo dessa forma com a sua mãe, só me mostrou o quanto você é superficial. Helena, se pergunte o que você quer da vida? Como você deseja viver? O que você quer? Quem é você?
— Okay, okay, eu faço isso. Se é para ter você, eu faço. Agora vai para casa e se arrume, está bem? Temos pouco tempo até o casamento.
— Não, você não está entendendo. Não é para fazer por mim, mas por você. — explicou Leandro, tocando no rosto de Helena. — Lena, vá atrás de quem você é.
Leandro ofereceu um beijo na testa de Helena e então se afastou, deixando sua noiva sentada no sofá.
***
Bruno encarou Helena, pensativo. Nem em um milhão de anos imaginaria que aquela doce garota havia passado por tudo aquilo. Ela se virou em direção a ele e lhe entregou seu melhor sorriso em meio à dor que tomava conta de seus olhos. Helena voltou a encarar o mar e então sentiu a mão de Bruno segurar a sua em meio à areia.
Ela continuou encarando o mar, pois se voltasse a encarar Bruno, sentia que as lágrimas tomariam conta de seu rosto, e isso Lena não estava disposta a permitir. Chorar na frente de um estranho? Nem em um milhão de anos! Aos poucos, os dedos de Bruno se afastaram dos seus, e ele voltou a se virar em direção ao mar, em silêncio. Eles ficaram assim por alguns longos minutos, até que Bruno respirou fundo e perguntou:
— Então você decidiu vir a essa viagem para tentar convencê-lo de que não é essa pessoa que ele a acusou de ser?
— Não! — negou Helena, balançando a cabeça e sorrindo. — Na verdade, seria até um motivo óbvio, mas não…
— Veio por que as passagens não eram reembolsáveis e decidiu que não ia perder esse dinheiro? — questionou Bruno, tentando adivinhar o que fez Helena vir para sua cidade.
— É um bom motivo, mas não. Pelo contrário, eu ainda gastei mais trazendo meu irmão e minha mãe comigo.
— Hmmm... — soltou Bruno, pensativo. Ele analisou Helena dos pés à cabeça e então arriscou mais uma vez: — O traje, a loja onde comprou não aceitou a troca porque passou da data. Aí você ficou com um traje de ciclismo sem propósito algum de usar e decidiu vir.
— Eu fiquei com dois trajes, pois comprei o dele também. — corrigiu Helena, observando a expressão de alegria de Bruno por achar que havia acertado. — Porém, não, não foi isso que me fez vir até aqui. Apesar de eu ter o traje dele ainda em minha mala. Se quiser, posso dar ele para você... se servir.
— Obrigado. — agradeceu Bruno, encarando Helena, que voltou a observar o mar. Sua curiosidade não permitia que ele desistisse de perguntar o que trouxe Helena até Paraty. Ele a empurrou levemente com o ombro e perguntou: — Então, o que fez você vir para cá?
— Você. — respondeu Helena, tranquilamente.
— Eu? — perguntou Bruno, em choque com a revelação.
Sua cabeça fervilhava tentando imaginar quando foi que havia se encontrado com Helena e a convidado para vir para Paraty. Ele tentava de todas as formas puxar na memória enquanto se prometia nunca mais falar com qualquer mulher se não estivesse sóbrio. Bruno encarou Helena e então não resistiu e perguntou:
— A gente já se conhecia?
— Não! — soltou Helena, rindo. — Não, na verdade não foi bem você, mas a sua loja quando me responderam sobre meu cancelamento. Vocês me enviaram um e-mail dizendo: “Não deixe seu coração partido impedir de conhecer os nossos serviços. Acredite, você vai se apaixonar.”
— Gabriel! — soltou Bruno, balançando a cabeça, inconformado. Ele encarou Helena e então concluiu: — Você era a noiva do e-mail que o Gabriel respondeu. Eu sinto muito.
— Não sinta. — respondeu Helena, tocando no ombro de Bruno.
— E então? Estávamos certos? — perguntou Bruno, curioso.
— Veremos... — disse Helena, se levantando. Ela limpou a areia de sua roupa. — Acredito que há muito mais que deseja me mostrar…
— Sim, há muita coisa. — falou Bruno, se levantando. Ele se aproximou de Helena e disse: — Porém, não tem graça mostrar tudo de uma vez…
— Não?
— Não. Afinal, a melhor paixão é aquela que surge aos poucos. — explicou Bruno, tão perto de Helena que a qualquer respiração seus corpos se tocariam. Ele ajeitou os cabelos dela que continuava encarando o rapaz. — Nos detalhes... nos gestos.
— Mas eu não quero me apaixonar. — afirmou Helena, dando um passo para trás. — Eu não vim aqui para isso.
— Não? — questionou Bruno.
— Eu só vim aqui ver o que seria capaz disso. De me fazer apaixonar.
— Melhor ainda! — afirmou Bruno, revestindo seu rosto com um sorriso sedutor. — Assim o passeio fica mais interessante.
— Aposto que sim. Então, vamos? — perguntou Helena, caminhando em direção às árvores. — Acredito que ainda haja mais alguma coisa para vermos hoje.
— Sim, mas primeiro preciso te perguntar: que tal desafogar suas lágrimas no melhor alambique da região?
— Você está me chamando para beber no meio do dia? — questionou Helena, surpresa, enquanto destravava sua bicicleta. — Isso que é atendimento personalizado!
— Bom, já que você não quer se apaixonar... Melhor ir de manhã — explicou Bruno, encolhendo os ombros. — Agora, se você mudar de ideia, a gente pode ir ao final da tarde, próximo da noite…
— Vamos agora. — aceitou Helena, colocando seu capacete.