
INFIEL. Um CEO na Minha Vida
Titulo do capítulo: Capítulo 1
Autor: Tatiane B Simões
Olá, meu nome é Ive Thompson, tenho 26 anos e infelizmente sou casada com o homem que amo, mas sei que ele nunca chegará a me amar.
Meu casamento foi um negócio de conveniência. Meu pai tinha uma dívida de jogo e eu fui dada como pagamento. O único que se beneficiou com o acordo foi meu pai, pois além da dívida esquecida, ele ganhou uma boa quantia de dinheiro. Mas o que ninguém sabia era que eu me casei perdidamente apaixonada por Taylor.
E por causa desse maldito contrato, ele me odeia. Ele só concordou em se casar comigo porque sua mãe tinha câncer e estava em estado avançado. Seu último pedido foi que ele se casasse, pois ela queria segurar seu neto nos braços antes de falecer. Mas infelizmente não deu tempo, pois assim que completamos 15 dias de casados, ela nos deixou. Os médicos haviam estipulado mais ou menos um ano de vida, mas os medicamentos não fizeram o efeito que esperávamos. Foi como se, em vez de amenizar a dor, ela estivesse sendo envenenada. Os filhos nunca vieram. Sempre me cuidei para que isso não acontecesse, e também, Deus não quis.
Por esse motivo, ele me culpa. Diz que, por não ter engravidado logo, ela faleceu. Mas que culpa eu tenho? As muitas vezes que estive na cama com Taylor, foi porque ele me procurava bêbado. Eu sei, eu sou usada, e também sei que sou a maior culpada. Mas sempre que dizia não, meu corpo e meu coração me traíam.
E essa noite não foi diferente. Meu "NÃO" foi da boca para fora. Toda vez é isso. Dou todo o meu amor a ele, e Taylor quer somente o meu corpo. Na manhã seguinte, ele me olha com nojo.
Estou tendo novamente meus sonhos do tempo em que eu era feliz. Mesmo o amando em silêncio, eu tinha alguém que gostava de mim, que cuidava, que sempre tirava os meus melhores sorrisos, mas como dizem, o amor nos deixa cegos. Quem diria que eu iria ter esse destino, logo eu, que era tão esperta, tão dona de mim?
Por que não fugi quando fiquei sabendo do contrato? Era mais fácil, só que na minha cabeça eu tinha esperança de que ele pudesse me amar, pelo menos me respeitar como mulher. Imaginei que o meu romance seria como nos livros que leio, que com a convivência pudesse conquistá-lo. Como sonhei alto, essas coisas só acontecem em livros ou filmes.
O único momento em que conversamos é quando ele acorda na minha cama e percebe que passou a noite comigo, e como todas as vezes ele me destrói com suas ofensas.
E essa manhã não foi diferente...
— Maldição... como fui passar a noite com você novamente? — Ele fala gritando, me despertando dos meus sonhos. — Você é tão baixa, Ive, que foi capaz de me seduzir de novo.
Abro os olhos sem vontade, para mais um dia do meu pesadelo, com os seus gritos que já não são mais surpresa. É sempre assim, ele tem o meu corpo quando quer, e quando acorda, me ofende.
Nos primeiros dias eu ficava arrasada, chorava na sua frente, chegava a implorar para que ele me amasse, mas isso só servia para mais humilhações.
Hoje já não tenho mais reação, bom, pelo menos na sua frente não.
Por que deixo isso acontecer? No começo trancava a porta do quarto, ele vinha me procurar, e encontrava a porta fechada. Quando eu saía para trabalhar, a fechadura era trocada, e lá estava a porta com outra chave. Foram 1 ano e 6 meses trancando a porta e ele trocando a fechadura, até que eu desisti.
— Isso nunca mais vai acontecer. — Diz ele me empurrando, e repetindo para si mesmo.
— Queria eu que fosse verdade, , mas foi o que eu disse na noite passada.
— Falo sem encarar seus olhos.
— Você que me seduziu com essa sua cara de puta barata.
— Ah, claro! Eu fui lá, te busquei no seu quarto, com você bêbado, e te trouxe aqui arrastado, tem razão! — Encaro seus olhos com tanto desapontamento. — Você é, sem dúvida, o cara mais idiota que já conheci. Maldita hora que não li aquele bendito contrato.
Tiro o lençol do meu corpo nu e vou para o banho. Debaixo do chuveiro, me encolho debruçada nas minhas pernas e choro baixinho, com aquela sensação de incapacidade, a sensação de ser usada mais uma vez e, o pior, me sentindo uma completa idiota por ainda ter esperança de que ele me ame. Como dizer para o meu corpo o que a minha cabeça está cansada de saber?
Ele nunca vai me amar! Nunca vai me querer como mulher, nunca vai me respeitar assim como eu o respeito. Por mais infeliz que eu esteja, me submeto a isso porque o amo. Amo muito mais do que deveria, amo tanto que esqueço de mim mesma.
Desde o casamento, ele nunca me apresentou para os amigos. Na verdade, ninguém sabe que Taylor é casado. Ele tem a vida de solteiro, sai com a mulher que quer e quando quer, cada dia uma diferente. Só não entendo como ele, mesmo tendo quem o satisfaça na rua, ainda me procura na cama.
Eu sei, sou a maior culpada disso, por ainda aceitar tudo isso. Sabe, não me dói ele ter meu corpo apenas para satisfazer seus desejos, pois não vou negar que faço isso também.
O que me corrói por dentro é ter que aguentar suas humilhações e saber que ele não faz nem um mínimo de esforço para esconder suas traições. Sempre que ele entra no meu quarto, vejo as marcas de batom, sinto o cheiro insuportável do perfume de mulher barata.
Muitas vezes ele me chama pelo nome de algumas delas. Dói, só que dói mais saber que não posso ir embora, tudo devido à única parte do contrato que não li...
Quando ele se casou comigo, Taylor era apaixonado por Elisa. Bom, quem não ficaria? Ela é uma "socialite" multimilionária, uma mulher linda, que esbanja poder por onde passa. Decidida, confiante, que não aceita menos do que ela merece. Eu queria ser pelo menos um pouquinho como ela. Taylor vive correndo atrás dela, mas Elisa nunca se interessou por ele.
Na época da faculdade, estudávamos juntos. Como sempre fui muito focada nos estudos, ganhei uma bolsa 100% gratuita na mesma faculdade em que eles estudavam. Os dois eram amigos inseparáveis, e eu era o "patinho feio" entre eles.
Taylor sempre foi meu amor, ficou mais evidente na adolescência, como praticamente crescemos juntos, ele sempre falava comigo e me tratava bem. Quando ele tinha dificuldades em alguma matéria, era comigo que ele sempre escolhia estudar. Mesmo assim, ele nunca me olhou como eu queria. Ele gostava da minha companhia, da minha amizade. Não consigo entender o porquê de ele ter mudado tanto.
Taylor é um homem com uma altura admirável de 1,80 metros. Seus olhos são claros, destacando-se em seu rosto. Ele tem cabelos loiros, que complementam seu visual. Sua pele exibe uma beleza única, especialmente com seus braços tatuados, o que adiciona um toque de personalidade e estilo. Além disso, Taylor possui um físico muito atraente, atraindo olhares por onde passa. Sua aparência é considerada por muitos como excepcionalmente bonita. No entanto, é importante notar que a beleza externa não substitui nem alivia a dor emocional que sinto quando enfrento o desprezo de alguém que tanto amo.
Dizem que quando a gente ama não vê os defeitos, posso garantir que isso é mentira. Eu vejo seus defeitos, mas o idiota do meu coração não. Minha cabeça tenta mandar os sinais de que ele nunca vai me respeitar, que ele só me vê como objeto, mas assim que ele vem me procurar, meu coração se enche de alegria. Burro, mil vezes burro.
Abandonada pela mãe, ignorada pelo pai, desprezada pela irmã e maltratada pela madrasta, seria um conto perfeito se soubesse que teria um final feliz. Sei que minha irmã é uma das suas amantes. Muitas vezes ela me manda vídeos deles nos momentos mais íntimos, momentos em que eu queria ser ela, só por um instante, ter ele sóbrio, sentir os seus beijos sem ter gosto horrível de bebida, ter o seu corpo sem vestígio de outra mulher. Mas isso é querer demais.
O meu casamento é um filme de terror, onde a mocinha já não tem esperança de ser feliz. Não digo isso só por deixar ser usada, pois eu mesma me coloco nessa situação. E sim, por meu sogro ser um homem desprezível. A mulher dele é a pessoa mais odiosa do que alguém poderia conhecer.
Por que ainda continuo nesse casamento?
Porque, nas minúsculas letras do contrato, uma das cláusulas estava escrita que, se eu pedir o divórcio antes de 3 anos, terei que pagar uma multa de 5 milhões de dólares. Onde é que eu vou tirar tudo isso? Ele sabe que nunca vou conseguir esse dinheiro. O que eu ganho na construtora Hermes, gasto o mínimo, pois quando esse contrato acabar e eu conseguir sair desse casamento, irei construir minha vida longe de todo esse pesadelo.
Sou formada em psicologia. Olha que ironia, como vou tentar ajudar alguém se não consigo ajudar nem a mim mesma?
Termino meu banho e me visto aqui mesmo. Vou para o quarto e ele não está mais lá. Suspiro aliviada por não ter que aguentar suas ofensas. Olho no canto da cama e mais uma vez vejo sua camisa com marcas de batom vermelho e aquele cheiro insuportável de perfume da minha irmã.
— É, talvez isso seja o que você mereça por aceitar passar a noite com ele. — Falo comigo mesma.
Visto meu terninho preto, uniforme da empresa onde trabalho. Troco os lençóis e coloco no cesto para Morgana vir buscar para lavar.
Por sorte, passo a maior parte do tempo no escritório. Sou secretária há 2 anos, desde que me casei. Por causa de Cecília, tive que sair do meu trabalho na clínica. Todos os meus anos de estudos, todos os meus cursos, não me serviram para nada. Por longos desses dois anos, procurei um trabalho nos consultórios, mas Cecília, a madrasta de Taylor, deu um jeito de manchar meu nome. Desde então, ninguém quer me contratar. Procurei em todos os lugares, mas como alguém irá contratar uma vadia, uma mulher antiética que fica com os chefes em troca de dinheiro? Ah, tem também a louca suicida. Esses são alguns dos elogios que recebo de Cecília. Ela diz isso e muito mais para as pessoas da alta sociedade que ela frequenta.
Meu chefe até tentou me ajudar. Ele disse que eu merecia mais do que marcar reuniões e servir café, claro que faço muito mais do que isso, porém entendi o que ele quis dizer.
Desde que se casou com Gerson, meu odioso sogro, ela se sente dona de tudo. Quem diria que a amada enfermeira da mãe de Taylor iria se tornar esse ser tão desprezível? Todos sempre gostavam dela, apesar de que ela nunca me enganou. Eu via os olhares dela para o pai de Taylor, e confesso que cheguei a pensar que Cecília assassinou minha sogra para ocupar seu lugar. Já alertei meu marido sobre isso, mas a única coisa que consegui foi seus dedos marcando meu rosto e me ameaçando para nunca mais falar sobre sua mãe.
A mãe dele era a única pessoa boa dessa família. Eu a adorava desde pequena, quando ela ia buscar ele na escola. Naquele tempo, eles tinham uma vida simples. Com dona Vivian, tive o único contato materno que senti de uma mulher.
Sinto falta desse contato. Minha vida sempre foi tentar ser aceita pelas pessoas, mas acredito que fracassei.
Sento na frente da penteadeira e fico olhando no espelho. Vejo meu reflexo e percebo que há muito tempo deixei de me cuidar. Sempre fui muito vaidosa, gostava de pentear meus cabelos, que sempre foram muito lisos. Hoje mal passo um batom. Fico me perguntando por que minha vida é assim. Sempre sonhei em ter um amor, me dar bem com minha irmã, até mesmo com minha madrasta. Como cheguei a esse ponto de ficar feliz por tão pouco? Sei que parece loucura, mas eu queria ter tido pelo menos um pouco da atenção que minha irmã tem.
Eduarda é dois anos mais velha. Ela tem um rosto lindo. Seus olhos passam uma inocência. Sua voz é calma, como se estivesse em sintonia com o momento, apesar de sermos filhas do mesmo pai, não nos parecemos em nada. Eduarda é alta, seus olhos são azuis como o céu, seus cabelos loiros brilham com a luz. Mas não se engane com essa carinha de boa moça, ela fez e faz da minha vida um inferno.
Minha madrasta, se pudesse, certamente me envenenaria ou me sufocaria com o travesseiro novamente, como fez quando eu tinha dois anos. Naquela época, lembro vagamente que tinha uma babá. Ela não era a melhor pessoa do mundo, mas nunca me maltratou ou negou algo para comer, como a mulher do meu pai fazia. Talvez seja porque eu seja fruto de uma traição.
Não cheguei a conhecer minha mãe, mas creio que me pareço com ela, pois meu pai também é loiro. Tenho 1,65 de altura, minha cintura é fina, tenho pouco busto e um quadril um pouco mais avantajado. Meus longos fios de cabelo são negros como a escuridão, meus olhos têm tom de mel e tenho lábios bem desenhados. Um dia me achei bonita, mas hoje já não presto tanta atenção nesses detalhes.
Meu pai disse que só ficou comigo porque minha mãe me deixou no hospital. Desde então, passei a ser a Cinderela, mas acho que nessa história nunca vou encontrar meu príncipe encantado. Sempre recebi os restos da Eduarda. Quando digo "resto", é porque eu nunca tive nada que fosse meu. Nunca ganhei um brinquedo. Quando ganhava de algum coleguinha da escola, minha madrasta tomava e dava para Eduarda, ou simplesmente jogava fora.
Nunca ganhei um vestido ou uma sapatilha. Ficava somente com o que Eduarda havia usado e desgastado. Claro que eu era grata por ter tido um teto, uma roupa para vestir e, às vezes, comida na mesa. Mas será que eu merecia tudo o que fizeram comigo?
Lembro que quando era pequena, tinha muita vontade de ter uma boneca daquelas gigantes, com aquele cabelo longo e aquela roupinha bonita. Ela era simplesmente o meu sonho. Me lembro de ter ficado doente de tanto que eu queria aquela boneca. E adivinha? Meu pai ficou sabendo e comprou, mas não foi para mim, foi para a Eduarda. Eu via ela brincar de longe, não podia chegar perto. Tinha que me contentar com as bonecas que a Eduarda não queria e jogava fora. Muitas delas estavam sem braços, riscadas, e confesso que algumas até me davam medo.
Com o passar dos anos, não me importava mais. Comecei a cuidar da filha da vizinha para ela poder ir trabalhar. Com 10 anos, já sabia fazer de tudo: cozinhar, lavar, passar, limpar uma casa como ninguém. Minha vizinha era casada com um homem mais novo. Achava tão bonita a relação dos dois. Havia tanto amor entre eles. Mas foi aí que as coisas saíram do controle. Minha madrasta, vendo o quanto eles gostavam de mim, falou que eu estava me insinuando para o marido dela e que ele ficava comigo às escondidas. Caramba, eu tinha 12 anos. O que passava na cabeça dela?
No fim, minha vizinha começou a enxergar coisas onde não tinha. Seu marido era muito correto. Ele dizia que me via como sua irmã mais nova. Não tínhamos muito contato. Meu único interesse era a bebê. Eu amava aquela pequena. Mas fui demitida ouvindo um monte de coisas, ofensas que sei que eu não merecia. Mas confesso que doeu igualmente. A partir daí, as coisas só pioraram. O tal boato se espalhou e toda a vizinhança passou a me chamar de "vadiazinha rouba macho".
Tudo isso era muito doentio. Não conseguia acreditar em tudo que vivi.
Mas mesmo com todos me julgando, apontando o dedo na minha cara, me xingando de nomes que nem sei se existem, eu continuei com o meu único objetivo: trabalhar para conseguir ser alguém.
Com 18 anos, saí da casa do meu pai e conheci Jonas. Ele era absurdamente incrível, muito carinhoso. Acho que foi a minha primeira demonstração de amor que recebi na vida. Sempre fui muito carente em relação a carinho, e quando recebia, me apegava à pessoa e já não queria vê-la partindo ou me deixando.
Jonas sempre dava um jeito de mostrar para todo mundo que ele estava comigo. Mesmo sendo tão rico, ele não tinha vergonha de namorar a zeladora da faculdade. Muito pelo contrário, ele me ajudava com a limpeza. Era o playboy mais fofo que conheci. O único problema era que nunca me apaixonei por ele. Mesmo ele sendo carinhoso e sempre demonstrando para todos o quanto gostava de mim, fui amar um idiota que nunca me olhou nos olhos, somente como um objeto sexual.