
O Casamento
Titulo do capítulo: Capítulo 2
Autor: Tatiane B Simões
Daquele dia em diante, não havia mais tristezas no olhar de Cecília. Sua vida parecia ser um conto de fadas. A cada semana que passava, a felicidade reinava na casa daquele casal.
Samuel era completamente apaixonado pela família. Com a fortuna garantida, ele afastou-se dos negócios e dedicou-se a ver o crescimento de sua amada filha. Cada aprendizado das meninas era motivo de comemoração, principalmente da caçula. Os primeiros passos de Olívia foram uma festa entre eles. A primeira palavra balbuciada fez aquele homem com a postura toda poderosa desmoronar. Sua primeira palavra foi "papai". A primeira foto em cima do cavalo, a linha na agulha que a pequena tentou colocar, pois ela via seu pai criando vestidos feitos por suas mãos e começou a se interessar.
Dia após dia, Olívia ocupava um espaço na vida dele que ninguém mais poderia ocupar.
Hoje era o aniversário de 7 anos da pequena Olívia, e não poderia faltar uma grande festa para comemorar.
Seu vestido da personagem Bela foi feito pelas mãos de Samuel. Noites sem dormir, criando cada detalhe como ela pediu. Naquele dia, ele era a Fera mais linda aos olhos de Olívia. A festa, como todas as outras, foi um sucesso. Presentes e mais presentes da alta sociedade, mas para a pequena de olhos verdes, não importava todo aquele dinheiro ou o brilho que ali estava. A única coisa mais bela eram os sorrisos tirados de seu pai.
A ligação entre os dois era absolutamente assustadora aos olhos de Cecília. Samuel nunca fez diferença entre Samantha e Olívia. Ele amava suas meninas igualmente. Tudo era feito como elas queriam, mas Olívia era seu espelho. Determinada, uma menina forte, tão pequena e já fazia planos com seu pai. A pequena sempre disse que Samuel era o amor de sua vida e não queria viver num mundo em que ele não existisse.
Já era tarde, a pequena, com o seu novo corte de cabelo chanel, deita nos braços do seu pai.
— Hoje foi tão lindo, papai. — Olívia fala encarando os olhos do seu pai. — Mais lindo foi ter o senhor comigo. Papai, você me ama?
— Está vendo o tamanho do céu? — Pergunta Samuel, olhando para a noite estrelada.
— Sim... — Responde, seguindo os olhos do seu pai.
— Consegue imaginar o tamanho dele?
— Não, papai, é muito grande...
— Então, minha filha, esse é o tamanho do meu amor por você. Não consegue ver o seu tamanho, mas sabemos que ele é imenso.
— Você viu os meus presentes? Ganhei um montão. — Fala a pequena com um sorriso, na inocência de crianças que ainda não têm noção daquelas palavras. — Papai, no meu aniversário de 15 anos, qual será o meu presente?
— 15 anos, minha filha? Ainda tem muito tempo para esse dia chegar. — Responde, dando um beijinho no nariz da sua amada filha.
— É nada, o senhor mesmo disse que o tempo passa muito rápido, e logo vai estar fazendo meu vestido de noiva.
— Vestido de noiva? — Samuel diz sorrindo, cruzando os braços.
— Vamos dormir, papai? Está frio aqui, e não quero te ver doente. — Olívia diz se encolhendo nos braços do seu pai, mudando de assunto, normal para uma criança de 7 anos.
— Vamos, princesa. — Responde ele, pegando-a no colo.
Samuel a leva, como todas as noites, para o quarto, conta uma história para dormir. Hoje foi a vez da Branca de Neve. Com o decorrer da história, Olívia dorme sorrindo, ao imaginar ela na casa dos 7 anões e Samuel vestido de príncipe para lhe salvar.
— Te amo, meu eterno amor!
Samuel sai e vai para o quarto de Samantha, olhando sua linda menina dormir. Ele senta ao lado da cama e beija o topo de sua cabeça.
— Oi! Pai, já vai dormir? — Fala ela, abrindo os olhos ao sentir o carinho de seu pai.
— Oi! Meu amor, não queria te acordar, só vim trazer o seu presente.
— O que é? — Ela fala, sentando-se, empolgada por ver o tamanho da caixa.
— Acredito que vai gostar, se não gostar, podemos comprar outro.
Ela abre apressadamente e vê o que ela mais queria: um patinete motorizado.
— Ah! Eu adorei, obrigada pai, eu te amo muito. — Diz Samantha, pulando nos seus braços e dando um longo abraço. — Obrigada!
— Que bom que gostou, só tome cuidado, pois não saberia viver com o peso de algo lhe acontecer. Agora volte a dormir, amanhã temos o dia inteiro para aproveitar um ao outro.
— Te amo pai, boa noite! — Ela sorri, recebendo um leve beijo na testa. Ele se levanta e vai ao encontro de sua amada.
Os anos foram passando, Samuel abriu mais algumas lojas em vários países, sempre pensando no futuro das meninas. E como a pequena Olívia falou, ela já estava quase completando seus sonhados 15 anos. Aquele amor que parecia ser grande entre eles aumentou. Olívia era a menina dos olhos de Samuel, ele vivia em torno de fazê-la feliz.
Com a faculdade, Samantha ganhou um apartamento mais perto do centro. Ela sempre foi uma garota estudiosa e muito amada pelos pais. Samuel teve um pequeno surto quando, aos 18 anos, ela apresentou seu primeiro namorado. Ele sempre foi muito protetor e, ao confirmar que sua pequena Samy cresceu, foi difícil para aceitar.
Mas o surto mesmo foi quando Olívia, faltando menos de dois meses para seu aniversário, disse que ia se casar com o seu melhor amigo Zaian.
— Não é agora, papai. Quero estudar e me formar em veterinária. — diz ela entre sorrisos, tentando amenizar o sofrimento do pai.
— Você e sua irmã querem me matar, só pode. — Samuel fala com as mãos na cabeça, realmente nervoso por ver que sua menininha cresceu.
Olívia sempre falava essas coisas, pois gosta de provocar seu pai, e desde que Samantha chamou o namorado para morar com ela, Samuel vem multiplicando a atenção que tem por Olívia. As palavras do seu pai a fizeram tremer, seu maior medo é perder Samuel. A ligação entre os dois é algo surreal, como se a felicidade de um dependesse do outro.
— Nunca mais diga isso, o senhor sempre será o homem da minha vida. — Olívia o abraça com o coração disparado. — Minha vida não teria sentido sem você e a mamãe.
Samuel aperta sua amada filha nos braços, olhando nos olhos dela, percebe que ela estava chorando.
— Ei, amor, estou brincando. Você sempre será minha criança, mas saiba que te ensinei a ser forte, pois eu quero te ver voar. Só me prometa que nunca deixará ninguém te machucar. Você é a joia mais preciosa da minha vida, e jamais quero ver esses olhinhos cheios de lágrimas novamente.
— Eu prometo, se me prometer desenhar meu vestido. — ela fala sorrindo.
— Você não tem jeito, né? Quando tiver idade para se casar, eu prometo, filha. — Samuel ri da cara de frustração dela. Ao olhar atentamente para seu rosto, ele percebe que algo está errado com sua menina. — Filha, você está bem?
— Estou sim, papai. Só um pouquinho cansada essa semana. Vou subir para descansar.
— Ei, eu te amo muito, viu! — Samuel diz ao vê-la saindo.
— Eu... — Olívia encontra os olhos do seu pai e tenta falar pela primeira vez em anos: "Eu também te amo."
Mas sua voz falha e as suas forças vão deixando-a quando Samuel vê Olívia cambaleando. Ele corre para segurá-la antes que caia no chão.
— Filha, amor, acorda por favor — Samuel se desespera vendo Olívia desmaiar em seus braços.
— O que houve? — entra Cecília em desespero ouvindo o grito de Samuel. — Filha...
De imediato, eles correm para a clínica. Samantha, que foi avisada no caminho, já estava esperando sua família, angustiada, pois sua irmãzinha nunca sequer pegou um resfriado. Como ela poderia ter desmaiado?
Samuel e Samantha ficaram todos os dias lá, sem sair um segundo do lado de Olívia. Cecília, sem conseguir lidar com aquela falta de informações, decidiu trabalhar. Esse era seu único refúgio, para que ninguém a veja sofrer. Os médicos e enfermeiros correm contra o tempo, até que, depois de uma semana entre exames e medicamentos, eles finalmente descobrem o que ela tem.
Numa sexta-feira, à noite chuvosa, não havia o brilho das estrelas. Estavam todos parados na frente da janela, olhando para o céu e pedindo que não seja nada grave. Naquela sala gelada de espera, foi-lhes dada a pior notícia que um pai e uma mãe poderiam receber.
— Sinto muito, Samuel. Descobrimos que a menina Olívia tem uma doença grave no coração, e se ela não fizer um transplante, iremos perdê-la. — O médico da família fala com lágrimas nos olhos, pois sabia o tamanho da dor que lhes trouxeram nesse momento. Ele a viu crescer em cada etapa do seu desenvolvimento e sabia o tamanho da dor que isso ia causar para seu amigo.
Samuel mal conseguia respirar. Abraçou Cecília e Samantha, tentando buscar forças de algum lugar, mas não as encontrou. O que ele estava sentindo em seu peito ninguém poderia tirar.