Prometida ao Tempo

Titulo do capítulo: O curso das coisas

Autor: Corine Guenièvre



Diana tinha grandes expectativas para a reunião de negócios com os sócios. Ela tinha preparado cuidadosamente as apresentações, estava confiante em suas habilidades de negociação e sabia que poderia convencê-los a concordar com sua proposta. No entanto, as coisas não saíram como ela esperava. 

Seu primeiro problema foi logo pela manhã daquele dia, pois Diana acordou extremamente atrasada. O som do despertador parecia não ter chegado aos seus ouvidos, fazendo com que ela perdesse preciosos minutos de sono. Assim que percebeu o horário, Diana pulou da cama com um misto de pânico e pressa. Ela sabia que não tinha tempo a perder. Rapidamente, ela se arrumou, colocou uma roupa qualquer e correu para o banheiro. Ainda sonolenta e com um olhar de preocupação no rosto, Diana escovou os dentes e lavou o rosto apressadamente. Ela mal teve tempo para arrumar o cabelo, deixando-o preso em um coque desajeitado com alguns fios que se soltaram por rebeldia. 

Ao sair do banheiro, Diana pegou sua bolsa e saiu do quarto com pressa. Ela correu pelo apartamento, quase tropeçando em seus próprios pés. E enquanto se agitava pela cozinha, ela agarrou uma das barras de proteína em cima do balcão e a colocou na bolsa, sabendo que não teria tempo para tomar café da manhã em casa. 

Com as chaves do carro em uma das mãos e a bolsa na outra, Diana saiu pela porta da frente, trancando-a apressadamente. Ela jogou a bolsa no banco do passageiro e entrou no carro, dando a partida quase que imediatamente. 

No caminho para o trabalho, Diana tentava não se sentir exausta e frustrada consigo mesma por conta do atraso. Ela sabia que deveria ter priorizado o descanso na noite anterior, mas a série de suspense na televisão a manteve acordada até tarde. Ela nem sequer se recordava do nome da série, mas cada episódio tinha chamado sua atenção para o desenrolar da trama. 

Chegando ao escritório, Diana estacionou seu carro às pressas e correu para dentro do prédio enquanto retirava a barra de proteína da bolsa para comer. Ela cumprimentou seus colegas rapidamente e foi direto para sua mesa, onde organizou seus documentos a tempo da sua primeira reunião. Por mais que tudo estivesse dando errado naquele dia, ela ainda tentou fazer o possível para não transparecer em seu trabalho e mesmo assim tudo estava destinado a dar errado naquele dia. 

Desde o início da reunião, Diana percebeu que os sócios estavam apáticos e pouco interessados em suas ideias. Ela tentou chamar a atenção deles com dados impressionantes, gráficos e projeções financeiras, mas parecia que estavam distantes e desconectados. Conforme a reunião prosseguia, Diana começou a sentir o desânimo tomando conta dela. Ela tentava se manter otimista, mas era difícil quando recebia respostas curtas e pouca atenção. A cada tentativa de engajá-los na discussão, Diana se deparava com silêncios constrangedores ou desinteresse evidente. 

À medida que a reunião avançava, Diana começou a perder a confiança em si mesma. Ela questionava se havia algo de errado com sua abordagem ou se não estava conseguindo se comunicar claramente. Os sócios não davam pistas sobre suas reações ou pensamentos, o que deixava Diana ainda mais frustrada. 

No final da reunião, Diana sentiu que havia fracassado. Ela não conseguiu a parceria que tanto buscava com os sócios e se perguntava onde havia errado. Ela lutou contra todos os sentimentos de derrota que assolaram seu coração e tentou se convencer de que, talvez, os sócios simplesmente não estivessem interessados em seu projeto. O que não era nada bom. 

Diana era a principal projetista da empresa, ainda que houvesse funcionários que tentassem chegar ao seu nível para que ela tivesse concorrência, ninguém ainda havia batido ao nível que o C.E.O necessitava. Isso queria dizer que Diana jamais poderia fracassar em qualquer coisa que fizesse ali dentro. 

Era a primeira vez em anos que isso acontecia em sua vida, falhar no trabalho não era algo comum para alguém tão dedicada. Todos sempre diziam que Diana tinha todos os aceitos que queria, quando queria. Ela nunca havia se atrasado antes, pois era como se o tempo fosse seu melhor amigo. Parecia até coisa de outro mundo que tudo estivesse acontecendo com ela no mesmo dia. 

A mulher percorreu os corredores da empresa em direção ao banheiro de maneira apressada. Até mesmo sua simpática rotineira havia se ausentado naquela manhã, pois ela não falou com mais ninguém e quando finalmente chegou onde queria, ela se trancou em uma das cabines para tentar respirar. 

Tudo aquilo era estranho e novo demais para ela, mas nada poderia lhe abalar. Ela só precisava recuperar o fôlego para tentar fazer tudo dar certo novamente. 

— Dia? — A voz de Luzia chegou aos ouvidos de Diana e a mulher olhou através do reflexo no espelho.

Luzia era uma mulher bonita e elegante, de pele marrom clara e cabelos negros e longos. Seus olhos castanhos eram expressivos e brilhantes, transmitindo determinação e independência. Com traços finos e bem definidos, seu rosto irradiava um sorriso gentil que revelava sua personalidade acolhedora e amigável. Luzia tinha um porte altivo e elegante, sempre vestindo roupas sofisticadas que realçavam sua figura esbelta. Seu jeito de andar era gracioso e confiante, chamando a atenção de todos ao seu redor. Sua voz era suave e melodiosa, transmitindo serenidade e calma. Ela tinha um estilo único e um charme natural, Luzia era uma mulher que cativava a todos com sua beleza e carisma. 

— Você está bem? — ela perguntou então parecendo que tinha percebido o estado da amiga. 

— Estou bem fisicamente. Apenas um pouco cansada — respondeu Diana com um sorriso forçado, tentando disfarçar sua frustração. 

Luzia franziu a testa, não convencida com a resposta de Diana. Ela conhecia bem a amiga e sabia quando algo estava errado.

— Tem certeza? Parece que algo está te perturbando. Se quiser desabafar, estou aqui para te ouvir — disse a amiga com uma expressão de preocupação genuína. — Como foi a reunião? 

Diana hesitou por um momento, mas acabou cedendo diante da companhia. Afinal, ela teria que conversar com alguém para não se engasgar com tanta pressão. 

— Nada bem e isso me deixou muito tensa. Eles não aceitaram a proposta do projeto. Acham que não estamos prontos para algo tão grande e estou me sentindo bem desanimada e incompetente por causa de tudo o que ouvi. 

Luzia colocou uma mão no ombro de Diana, em uma tentativa de lhe passar apoio e compreensão.

— Amiga, não deixe isso te derrubar. Você é uma profissional dedicada e talentosa, e tenho certeza de que isso foi apenas um pequeno contratempo. Sei que tudo em sua volta é perfeito e certo, mas erros e falhas acontecem. Isso faz parte do processo. O importante é aprender com eles e seguir em frente. Aliás, já estava na hora de acontecer algo assim com você, eu estava começando a acreditar que tinha um robô como amiga.

Diana abaixou os olhos por um momento, assimilando as palavras encorajadoras de Luzia enquanto sua amiga ria da piada ao final do conselho.

— Você tem razão. Não posso deixar que essa derrota temporária me defina. Preciso levantar a cabeça e continuar tentando puxar eles e eu vou conseguir.

Luzia sorriu, satisfeita ao ver a amiga recuperando sua confiança. 

— É fácil arrumar sua configuração, né? Queria que meu computador fosse assim. — Ambas riram e Diana suspirou com alívio. — Vem, vamos comer. Você precisa de energia para tentar novamente. 

Luzia levou sua amiga para almoçar em sua lanchonete favorita. Elas iam naquele local quase sempre e era um lugar perfeito para conversar. 

Elas caminhavam pela calçada movimentada da rua principal, falando de assuntos aleatórios sobre a rotina e o trabalho. O sol brilhava intensamente, iluminando a rua enquanto elas se distraíam na discussão animadamente. O tráfego estava intenso, com carros passando rapidamente pelas ruas e pessoas correndo pela cidade.

De repente, Diana e Luzia notaram um carro se aproximando rapidamente, desviando de outros veículos de forma imprudente. O barulho dos pneus derrapando no asfalto tirou a atenção delas. Com os olhos arregalados de susto, ambas pularam para trás, escapando por pouco de serem atingidas por aquele carro desgovernado. As mãos de Diana apoiaram no capô do automóvel em uma tentativa de proteger o corpo do impacto que por sorte não ocorreu. O carro parou a centímetros de distância dela e isso foi um alívio, mas um choque de adrenalina também.

Enquanto tremia devido ao susto e a raiva corria por suas veias, Diana olhou para o motorista atrás do volante, que parecia alheio à sua negligência. Sua ira instantaneamente se transformou em indignação. Ela balançou a cabeça em desaprovação e seus olhos se estreitaram, sinalizando sua insatisfação.

— Você ficou maluco?! — Gritou a mulher sem hesitar. Diana caminhou em direção ao motorista, Luzia seguindo-a de perto, pronta para acompanhar a amiga em qualquer ação que tomasse. — Comprou a porra da carteira pela internet?!

— Vai se ferrar! — O homem, que agora estava descendo do automóvel, ainda não parecia perceber o perigo que havia causado. — Não viu que desviei das crianças?

— Primeiro que nem deveria estar correndo, seu irresponsável! — Chegando bem perto dele, Diana levantou uma das mãos e apontou diretamente para o motorista, seus dedos tremendo de indignação. Ela começou a repreendê-lo em tom enérgico, suas palavras enchendo o ar como um vendaval furioso. — Não sabe dirigir normalmente? Se estivesse na mesma velocidade que todos não iria precisar desviar de ninguém! Eu estava na calçada, seu imbecil! Ainda quer ter razão? Que palhaçada!

Seus gestos acompanhavam cada palavra, intensificando o impacto de sua fúria. Seu corpo vibrava de raiva, enquanto ela confrontava o homem sobre sua irresponsabilidade, apontando para a calçada onde elas quase foram atropeladas.

O motorista, finalmente percebendo a gravidade de sua ação, olhou para Diana com uma expressão de culpa estampada em seu rosto. 

— Eu sei. Sinto muito, não sei o que me deu. — Ele tentou se explicar passando as mãos no rosto timidamente. Um guarda vinha em direção aos três com passos atrevidos e isso o alarmou. — Estava atrasado, fiquei aéreo. Me deixe reparar o erro. Para onde estão indo? Levo vocês.

— Esquece, só presta a merda da atenção para não matar ninguém. — Diana, ainda tremia de raiva, mas seu dia estava cheio demais para se preocupar com mais um problema. Ela suspirou cansada, segurou o braço da amiga e deu as costas ao homem, afastando-se lentamente para que o guarda visse que tudo já havia se resolvido.

A rua continuava movimentada e o barulho do tráfego retornava aos poucos, abafando as palavras exaltadas que haviam inundado o ambiente momentos antes e deixando apenas a lembrança de um encontro que quase terminou em tragédia.


⏳⌛


O Tempo estava imponente em seu palácio, uma estrutura escondida em lugar além do alcance humano, onde se podia ver tudo o que acontecia no mundo mortal. Seus olhos percorriam o fluxo da vida, observando cada detalhe e cada vida que se desenrolava.

Entre os muitos seres humanos que percorriam a vida na Terra, havia uma mulher especial que conseguiu prender o coração do Tempo — Diana. Ele a observava secretamente com um sentimento ardente por milhões de anos e milhares de vezes, pois se via apaixonado pela beleza, pela força e o espírito destemido da jovem. Isso já fazia tanto tempo que nem mesmo o senhor das horas saberia dizer exatamente quando começou.

Naquele dia em particular, enquanto Diana ainda estava mergulhada nos sonhos, o Deus destinado a cuidar do tempo estava atento a cada movimento dela. O sol nascente brilhava suavemente por trás das nuvens, pintando o céu com tons de rosa e alaranjado, enquanto os primeiros raios de luz iluminavam o quarto de Diana.

O Deus sorriu, suas feições se abrandando enquanto observava a jovem despertar em meio às cobertas desalinhadas. Os olhos sonolentos da mulher se abriram devagar, revelando um brilho de surpresa e preocupação ao perceber que estava atrasada. Diana pulou da cama com uma mistura de coragem e sofreguidão com seus cabelos desgrenhados e seu rosto ainda sonolento. Ela correu pelo quarto, desajeitada, procurando por suas roupas e jogando-as rapidamente sobre o corpo.

Enquanto tudo isso acontecia, o Deus Tempo a observava fascinado. Ele admirava a determinação de Diana, sua capacidade de enfrentar os desafios que ele mesmo lançava em seu caminho. Havia algo tão encantador em sua pressa matinal, algo que ressoava profundamente no coração do divino.

Um sorriso brincou nos lábios do Deus enquanto ele assistia Diana sair correndo de casa. Ele sabia que ela teria um dia cheio pela frente, repleto de tarefas e responsabilidades. Mas, acima de tudo, ele adorava compartilhar esse breve momento com ela, mesmo que apenas de longe, em sua condição divina.

O Tempo, majestoso e imponente, continuava a dedicar sua atenção à direção dos destinos humanos. A cada instante, ele manipulava as engrenagens do relógio de bolso em sua mão direita, fazendo com que as vidas se entrelaçassem e se desdobrassem de acordo com seu plano divino. Enquanto orquestrava o fluxo do tempo, seus olhos recaíam repetidamente em Diana, a mulher que em toda vida nova encantava seu coração imortal.

Em momentos de pausa, o Deus permitia para si um instante de contemplação, enquanto observava sua amada humana. Ele a via navegando pelas adversidades da vida cotidiana, enfrentando desafios e triunfando sobre inconveniente com uma mistura de graciosidade e coragem.

Em suas visões, ele a via caminhar pelas ruas movimentadas da cidade, seu caráter inabalável e sua determinação irrefreável irradiando de sua figura. Seus olhos brilhavam com uma compostura e confiança que ganhavam o respeito de todos que cruzavam seu caminho.

Nos momentos de dificuldade, quando os obstáculos surgiam no caminho da mulher, o Deus testemunhava a força interior de Diana se manifestar. Ela refinava suas habilidades, lidando muito bem com cada desafio e seguindo com mais força cada experiência nova.

Seus momentos de alegria também não passavam despercebidos aos olhos afetuosos do Tempo. Ele a via rir, dançar e aproveitar cada momento de satisfação que a vida lhe proporcionava. E em sua admirável alegria, o Deus se encontrava arrebatado cada vez mais, logo mais sorrisos discretos brincavam em seus lábios divinos. Era inevitável.

Embora restrito a observar Diana de longe até o momento certo, o Deus não deixava de sentir-se envolvido por uma beleza indescritível toda vez que seus olhos encontravam os dela. Ele apreciava a suavidade de seus traços, a expressão de seus olhos quando estavam repletos de compaixão e sua aura resplandecente, que iluminava o mundo ao seu redor. 

A mãe Terra fazia questão de moldar uma bela mulher em todas as vidas de Diana. Alguém que tanto homens quanto deuses não sabiam ignorar e isso era fascinante para o Tempo, mas uma tortura também. Afinal era parte de seu castigo. Mesmo que o tempo possa ser traiçoeiro, o Deus Tempo guardava um espaço sagrado em seu coração para Diana. No cerne de sua missão celestial, ele nutria os mais profundos desejos e promessas de estar ao seu lado, de compartilhar um amor além das limitações do tempo. E assim, enquanto seguia moldando o destino da humanidade, o Deus continuava a observar Diana, sua querida musa, com uma mistura de amor e desejo, esperando o dia em que seus caminhos finalmente se entrelaçariam novamente.

Tudo corria bem como de costume em ambos os mundos e os milésimos — pequenas criaturas aladas, semelhantes a fadas — cumpriam a importante tarefa de auxiliar seu mestre na manipulação dos destinos dos seres humanos. Dentre eles, havia um milésimo especialmente atento a Diana, a mulher por quem o Deus nutria seu amor inextinguível.

Num momento fatídico, enquanto Diana seguia pelas ruas distraidamente junto a amiga, um vislumbre trágico se abateu sobre o milésimo. Ele testemunhou, com uma angústia insuportável, um acidente de carro no qual Diana perdeu a vida. Sem hesitar, consciente de sua missão, o milésimo voou velozmente até o trono do Tempo para entregar a notícia devastadora.

— Mestre… — o pequeno corpo estremeceu ao ver seu senhor, pois ambos não se viam constantemente. O Tempo sabia que sempre que aquele pequeno ser em específico o visitava, era porque as notícias seriam terríveis. 

— Eu ainda não a encontrei nessa vida. — Advertiu o mestre para o milésimo que apenas grudou suas pequenas mãos nervosamente. Realmente a notícia não era boa. — Como aconteceu dessa vez?

— O monstro de metal. Os humanos nunca sabem usar essas coisas e sua Diana foi a vítima dessa vez.

Ao receber o relato do milésimo, o Deus Tempo sentiu seu coração ser perfurado pela dor e pelo pesar. O amor que nutria por Diana era insuperável e ele não poderia suportar perder sua amada sem a conhecê-la nessa nova vida. 

Com um gesto rápido e seguro, o Deus desencadeou o seu poder e voltou o ponteiro do relógio em sua mão fazendo o tempo correr para trás, retornando ao momento do acidente.

Os longos dedos do Deus tocaram o rosto do milésimo fazendo os olhos da pequena criatura cintilarem e o Tempo foi projetado para o outro lado. Na cena que o milésimo presenciou, o Tempo alterou sutilmente a sucessão dos eventos. Com uma influência imperceptível, fez com que os fios do destino se entrelaçassem de forma diferente, tornando o motorista do carro, originalmente desatento, consciente da proximidade de Diana. 

Então, no exato instante em que o acidente parecia inevitável, assomou-se uma reviravolta inesperada. O Deus guiou a perna do motorista para acionar os freios antecipadamente, fazendo com que o veículo parasse bruscamente, evitando assim uma colisão trágica. As mãos de Diana bateram contra o capô do automóvel e ela começou a gritar com o motorista de maneira nervosa, fazendo o Tempo deixar um riso escapar. Os nervos de Diana sempre causavam essa reação no homem do relógio. O milésimo, que havia permanecido em espera, observou maravilhado a mudança do curso do destino. Diana, que fugiu inconsciente da morte iminente que a aguardava há poucos instantes, continuou sua discussão, alheia à intervenção divina que a estava protegendo. 

Os olhos do Tempo, agora cheios de alívio e alegria, acompanharam Diana enquanto ela prosseguia em seu trajeto após repreender o dono do carro. Logo, o Deus estava de volta à sua sala. Cercado pelas areias finas da vida humana e aliviado por ter salvo Diana. 

— Quantos anos ela tem agora? — Ele perguntou ao milésimo, pois ele nunca contava os anos que se passava para ela.

— Acredito que fará trinta anos, senhor. 

— Será que já posso falar com ela? — Aquela pareceu uma pergunta que o Tempo fizera para ele mesmo, mas o milésimo como um bom servente, se dirigiu para fora do grande salão em busca da resposta que assolava a mente de seu senhor.

Ele teria que falar com a mãe de todos e mesmo que temesse aquela divindade, o faria apenas para ver seu mestre feliz. 

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