Prometida ao Tempo

Titulo do capítulo: O charme das horas

Autor: Corine Guenièvre



Diana abriu a porta de sua casa com um suspiro de alívio, finalmente conseguindo deixar para trás a agitação estressante do dia. Ela fechou a porta, consciente de que estaria literalmente fechando o mundo exterior. Olhando ao redor, ela relembrou que sua casa era seu porto seguro particular que sempre acolheu suas preocupações e frustrações.

Ainda vestida em seu terno formal e carregando a bolsa pesada no ombro, Diana caminhou apressadamente até a sala de estar e jogou a bolsa com força no sofá. Seu corpo parecia exausto, sua postura revelava a tensão acumulada do dia. Ela se deu conta de que a adrenalina estava diminuindo lentamente, permitindo que a exaustão tomasse conta.

Sentindo a necessidade de se recuperar rapidamente, Diana correu até a cozinha e ajeitou uma xícara de café quente. Enquanto o vapor envolvia seu rosto, ela tomou um gole profundo, permitindo que a fragrância cheia de cafeína invadisse sua mente e acalmasse seus batimentos cardíacos acelerados. A pausa foi breve, mas suficiente para dissipar um pouco do estresse acumulado em seu corpo.

Enquanto bebia seu café, a mente de Diana vagou pela experiência aterrorizante que teve horas antes. Ela relembrou a cena do quase acidente de carro: o som estridente dos pneus freando bruscamente, o vislumbre do veículo descontrolado parando diante do seu corpo e não acertado-a por uma fração de segundo, a sensação de alívio ao escapar por pouco da morte iminente. Ainda tremendo com a lembrança, ela pensou na fragilidade da sua vida e o quanto tudo poderia ter sido diferente.

Porém, Diana não tinha tempo para se aprofundar em reflexões. Ela se lembrou da festa da empresa que estaria por vir a seguir, uma celebração anual aguardada com expectativa e alegria. Era uma oportunidade para os funcionários desfrutarem de um relaxamento bem merecido, para se conhecerem melhor fora do ambiente de trabalho e construírem conexões pessoais. Mas, para isso, ela precisa se recompor e se arrumar de maneira apresentável.

Ela colocou o café ainda quente na mesa, respira fundo e seguiu para o banheiro. Indicadores de tempo escorregaram pelo relógio em sua mente, enquanto Diana rapidamente se livrava do terno e jogava um vestido elegante em cima da cama. 

A água do chuveiro caia em cascata sobre seu corpo segundos depois, como se estivesse lavando o estresse do dia, removendo a tensão de seus músculos. Por fim, com uma toalha envolveu seu corpo e Diana retornou à sua sala de estar, agora iluminada por uma suave luz branca que emanava do lustre. Ela se senta em frente ao espelho, penteando seus cabelos até que fiquem sedosos e brilhantes, e começou a aplicar uma maquiagem sutil, realçando sua beleza natural. 

Enquanto se arrumava, Diana olhou para o reflexo no espelho. Seus olhos cinzas agora refletiam uma determinação de deixar para trás os desafios do dia e de enfrentar a festa com um sorriso no rosto. Afinal, estava pronta para deixar sua marca, não apenas como uma profissional competente, mas também como uma mulher forte e resiliente.

Vestida com seu melhor sorriso e confiança, Diana se viu pronta para enfrentar qualquer situação que a festa pudesse trazer, pois ela sabe que os comentários sobre seu fracasso correrão solto e isso não poderá lhe abalar de forma alguma. 

Ela saiu de casa, deixando para trás as tensões e o medo, e entrou no carro que pediu pelo aplicativo no seu celular com a convicção de que a noite seria uma oportunidade para desfrutar da companhia dos seus colegas, celebrar as conquistas e lembrar-se de sua própria capacidade de superar adversidades. Naquele instante não importava que tivesse falhado uma vez, afinal, como Luzia havia dito mais cedo, todo mundo comete algum erro.

Ao chegar no salão de festa da empresa, Diana encontrou um ambiente decorado com luzes cintilantes, uma árvore de Natal imponente e um clima de celebração no ar. Músicas festivas preenchem a sala enquanto os funcionários conversavam e riam uns com os outros.

Em meio à multidão animada, alguém que não deveria estar ali, surgiu para aproveitar a comemoração também. O Tempo se infiltrou no ambiente. Ele disfarçava sua identidade divina usando um terno elegante e um crachá que o identificava como um dos sócios da empresa. Seus olhos brilhavam de excitação, pois ele ansiava por ter um momento humano com a mulher que ele tanto admira.

Diana estava aproveitando a festa com seus colegas, rindo e conversando animadamente. Ela vestia um belo vestido rosê e carregava um copo de champanhe, envolvida na alegria da temporada festiva.

Enquanto isso, o Tempo observava Diana de longe, no intuito de criar uma oportunidade para se aproximar dela. Então depois de muito aguardar, ele a vê sozinha por um momento, um instante perfeito para iniciar uma conversa.

Com uma aparência autoconfiante e um sorriso encantador, ele se dirige a Diana. 

— Que bela festa, não é? — diz ao se aproximar e a mulher afirma. — Diana de Oliveira?

— Eu mesma e o senhor? — Ela olhou nos olhos verdes do homem tentando se recordar de sua presença no ambiente de trabalho. Afinal aquele não era um homem para ser esquecido, pois ele tinha uma presença magnética e cativante. Seu rosto esculpido era perfeito e simétrico, com traços precisos e marcantes. Seus olhos verdes tinham uma profundidade inexplicável e hipnotizante, brilhando com uma inteligência e sabedoria que pareciam capturar a atenção de todos ao seu redor.

Apesar da juventude estampado em seu rosto, ele irradiava uma aura de nobreza e poder. Seu cabelo castanho escuro perfeitamente penteado e estilizado, emoldura o rosto de maneira elegante. Ele vestia um terno caro e impecável, feito sob medida para realçar sua figura esbelta e atlética. Uma roupa em tons azul-marinho, feito de um tecido luxuoso que refletiu a luz de forma sutil, mostrando sua riqueza e sofisticação. Os detalhes meticulosos, como botões dourados e punhos bem ajustados, demonstraram sua atenção aos detalhes e o gosto requintado do homem.

A postura sempre ereta e confiante, transmitia uma sensação de controle e domínio sobre tudo. Diana o havia notado caminhando antes com uma elegância natural, atraindo olhares onde quer que estivesse, pois tinha um porte e presença tão grandiosos que as pessoas não conseguiram deixar de notar seu carisma e magnetismo.

A princípio, Diana não suspeita da verdadeira identidade do belo homem, pensando apenas que ele é um alguém com quem nunca teve a chance de conversar antes. Embora afirmasse em sua mente que aquele rosto seria inesquecível.

— Me perdoe — ele diz com uma voz deliciosa que mesclava a delicadeza e o vigor. — Charles Denbora, estive na reunião mais cedo.

— Então eu que devo me desculpar. Não estava atenta para decorar todos os rostos. 

— Eu estava pela videoconferência, não posso cobrar nada de você. — Diana deu um sorriso sutil ao homem que retribuiu. — Mas acredito que fomos injustos com sua ideia, embora ela precise de algumas melhorias. 

— O senhor tem alguma recomendação a me fazer? — Ela perguntou e Charles manteve seu pequeno sorriso no canto dos lábios. Logo a música se intensifica, anunciando o início de uma melodia dançante. 

— Podemos discutir sobre isso em outro momento, agora prefiro tirá-la para dançar. 

Charles ofereceu sua mão para a mulher que deixou um pigarro escapar antes de aceitar o convite. Todos olhavam na direção dos dois e para Diana era óbvio que tudo estava ligado ao belo e poderoso homem que lhe dava atenção. 

Charles, habilmente, levou Diana para a pista de dança, sempre cordial e paciente com seu par para não machucá-la, pois embora estivesse em um corpo humano, ainda era um ser mais forte que qualquer um naquele lugar. 

Enquanto dançavam, Charles conduzia Diana com maestria, seus movimentos se conectaram em perfeita sincronia levando os outros convidados a observarem, admirando a elegância dos dois dançarinos, sem ter ideia da verdadeira identidade do parceiro de Diana.

Em um momento de êxtase, o Tempo sussurrou palavras gentis no ouvido de Diana, elogiando sua beleza e espírito encantador. Diana, se viu completamente envolvida na dança, sorrindo amplamente, sentindo-se lisonjeada por encantar alguém daquele porte.

A música chegou ao fim, e o Tempo acompanhou Diana de volta ao local da festa onde estavam antes.

A festa se tornou mais agitada, com música alta e os funcionários dançando e conversando ao redor. No meio da multidão, Charles se destacou a todo instante, imerso em uma conversa vibrante com qualquer pessoa e chamando ainda mais a atenção de Diana que não sabia explicar a hipnose que sentia com a presença daquele homem.

Ela não era a única, claro. Pois Charles tinha algo que fazia muitos perderem qualquer timidez apenas para admirá-lo. No entanto, o rapaz parecia ter sua atenção tomada pela projetista da empresa, pois ambos estavam trocando olhares vibrantes que pareciam ter uma conexão única.

Charles, por ser uma divindade, tinha seu charme irresistível e personalidade divertida faziam com que Diana se sentisse instantaneamente uma vontade insana que mais lhe parecia atração. Ela se via cada vez mais envolvida nas conversas de Charles e estava encantada com seu carisma e o modo como ele a fazia sentir-se única com os olhares instigantes que vinham sempre em sua direção. 

Enquanto a festa continuava, o Tempo sentiu uma ansiedade crescente em ter a mulher que tanto observou. Essa ansiedade se manifestou em suas ações, e ele percebeu que estava na hora de levar Diana para um lugar onde ninguém o distraísse. 

— Pode parecer indiscreto da minha parte, mas não consigo parar de te olhar e queria muito poder conversar em um lugar menos agitado. — Com um toque leve no braço dela, ele sussurra ao seu ouvido, fazendo-a sorrir e acenar afirmativamente.

Desapercebidos pelos demais convidados, Charles e Diana se afastam da festa, caminhando para longe do prédio onde a mulher trabalhava. Embora Diana não compreenda completamente o porquê, sente-se inexplicavelmente atraída pelo homem ao seu lado. Convencida de que precisa estar com ele, ela não questiona sua intuição e leva Charles para sua casa. 

— Não é grande coisa, apenas uma casa simples — ela diz abrindo a porta e Charles deixa um sorriso sutil escapar. 

— Está nervosa — diz o homem, pois ele sente cada gota de tremor que percorre o corpo da linda mulher em sua frente. 

Diana era uma mulher de beleza marcante. Sua pele era de um tom marrom claro, realçando sua aparência radiante. Seus olhos, por sua vez, tinham um curioso tom cinza, que parecia mudar dependendo da luminosidade ao seu redor. Eles tinham um brilho cativante, capaz de prender a atenção de qualquer um que ousasse olhar diretamente em sua direção.

Sua silhueta era elegante e bem proporcionada. Os longos cabelos castanhos caíam em cascata pelos ombros, emoldurando seu rosto delicado e expressivo. A cada movimento, ela parecia deslizar pelo ar, deixando uma aura de graça e mistério por onde passava.

Embora fosse uma presença notável, Diana não parecia se dar conta de sua própria beleza. Ela era genuína e modesta, irradiando bondade e simpatia em sua personalidade carismática. Era uma daquelas pessoas que pareciam estar sempre prontas para ajudar, com um sorriso acolhedor nos lábios.

Seu estilo de se vestir também refletia essa personalidade encantadora. Ela optava por roupas simples, porém elegantes, que realçavam sua beleza natural sem chamar muita atenção. Diana sabia que sua verdadeira essência não estava apenas na aparência física, mas também na sua forma de agir e se relacionar com as pessoas ao seu redor.

Charles, não pôde deixar de se encantar com a forma que a terra moldava aquela mulher, tornando-a ainda mais irresistível para ele do que a versão anterior. A combinação da sensualidade de suas curvas com os olhos cinzas profundos o deixava intrigado e fascinado. A atração entre eles era inevitável, e embora Diana não soubesse, Charles sabia que tinha diante de si algo além do comum.

— Admito que não estou conseguindo acessar certas partes da minha sanidade. Afinal, estou trazendo um estranho para minha casa. — Ela confessou e o Tempo sabia bem o que se passava na mente de sua querida, porém era bom ver que ela se sentia tão hipnotizada por ele ao ponto de não mentir sobre seus temores.

Charles inclinou seu corpo em direção a mulher, sua mão direita deslizou pela cintura de Diana enquanto ele a empurrava para dentro do apartamento. O Tempo olhou fixamente nos olhos daquele que tanto admirava e fechou a porta do apartamento com o pé para não precisar perder aquele contato.

— Se quiser eu posso ir embora e fingimos que nunca nos vimos antes — disse ele então fazendo Diana cogitar aquela hipótese. Porém, os lábios carnudos e avermelhados do homem imploravam por um beijo e já faziam meses que ela não sabia o que era uma boa noite de prazer com outra pessoa. Diana não tinha tempo para conhecer alguém, beber e levar para cama. Ela estava ocupada demais com diversos trabalhos e projetos. Por isso sua maneira de aliviar a tensão estava em sua gaveta da mesa de cabeceira. 

Ela poderia estar correndo um risco enorme, mas não pensou tanto naquela parte. Simplesmente porque os lábios de Charles sempre a puxavam de volta para aquela atração. 

Diana estava envolvida por um sentimento avassalador que a consumia por completo. Ela sentia uma conexão única com aquele homem misterioso, como se estivesse diante de algo divino, uma entidade superior que havia descido à Terra apenas para estar com ela.

— Não, isso seria uma pena — decidiu ela no final das contas. Suas mãos tocaram a pele macia de Charles e Diana deixou que ele explorasse seus lábios ardentemente. 

Charles sabia que tinha uma missão a cumprir. Ele era o Deus Tempo, e tinha a tarefa de guiar o fluxo da vida de todas as pessoas. Porém, naquele momento, ele estava disposto a esquecer suas obrigações e se entregar ao amor que sentia por Diana, permitindo-se ser apenas um homem comum.

Com cuidado para não machucar a delicada mulher em seus braços, o Tempo apalpou cada trecho do corpo perfeito que a mãe Terra desenhou. Diana ofegava ao pé do ouvido do mistério homem, pois era como se ele lesse os desejos nos pensamentos dela. Charles se concentrava no prazer da sua amada e aquilo parecia deixar o Deus em um êxtase irreal que tornava as coisas mais profundas.

— Parece errado — disse a mulher ofegante. 

— Parece?

— Acabei de conhecer você.

— Bom, e se nos conhecemos em outras vidas? — Diana franziu o cenho e Charles deu um sorriso maroto, pois só ele sabia daquela verdade. Ele levou seus lábios até o ombro esquerdo da mulher e passou a beijar a região exposta. — Eu te conheci hoje cedo e isso já tem 14 horas. Uma eternidade, não acha?

Diana só conseguiu deixar gemidos escaparem por entre seus dentes e isso sempre tirava o tempo do seu controle. 

— Ainda dá tempo de me mandar embora. 

Ela desistiu antes mesmo de pensar novamente naquela possível, isso porque Charles a colocou sobre o aparador do corredor. Ela teria arrumado um bom argumento se não tivesse sentindo a boca do suposto sócio deslizar pelo seu corpo até encontrar a calcinha de renda vermelha da mulher. 

O vestido de Diana já havia sido jogado longe, junto com toda sua lógica e raciocínio. 

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