DESEJO

Titulo do capítulo: Capítulo 2

Autor: Mille Meiffield



Cap 2

 

   As aulas acabaram e saí do prédio em direção ao dormitório das meninas. Gia ainda teria mais duas horas de aula, então resolvi ir sozinha mesmo para o quarto estudar um pouco. Entrei no quarto, joguei minha mochila no chão, perto da minha cama e fui para o closet escolher uma bela roupa confortável.

   Tomei um belo banho bem demorado, deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, estava tensa desde a festa. Diego não saía da minha cabeça. Aquele beijo, o toque dos seus lábios nos meus. Sacudi a cabeça mandando esses pensamentos sórdidos embora. Saí do banho, me sequei, coloquei a roupa que havia separado e quando voltei ao quarto, Diego estava lá. Sentado na minha cama. Com seu sorrisinho de canto de boca, seus lindos olhos que me faziam estremecer e sua aura de “bad boy” sensual.

                Ele me fitou dos pés à cabeça, parecendo hipnotizado. O olhar que ele desferia a mim, me deixava enrubescida. Diego me fazia sentir como se minhas pernas se transformassem em gelatina. Depois de um longo tempo presa naquele olhar marcante e sedutor, finalmente consegui mexer meus lábios de forma que elaborassem alguma coisa coerente.

 

                – O que está fazendo aqui no meu quarto? – indaguei.

                – Vim procurar a Gia, mas vejo que ela não está. – Ele se levantou e veio até mim. – Se eu soubesse que a paisagem daqui era tão...encantadora, viria mais vezes.  – Disse ele enquanto pegava uma mecha do meu cabelo que estava solta e a prendia atrás da minha orelha.

                – Quer deixar algum recado para a minha amiga? – perguntei, ignorando seu comentário e o calor de seu toque.

                – Diga a ela que hoje vai ter uma reuniãozinha intima na casa do Marcos. Ah, e você também está convidada. Marcos vem buscar vocês às 18hrs.

                – Vou avisá-la, e obrigada pelo convite, mas preciso estudar.

              – Elena, Elena, se não aparecer hoje, eu mesmo venho buscá-la. – Diego disse com um ar sombrio, chegando perto demais de mim, me fazendo recuar até a parede. Quando não tinha mais para onde eu fugir, ele se apoderou da minha boca com a sua, pedindo passagem com a língua, não consegui resistir e abri passagem, ele me beijou vorazmente, fazendo minha intimidade ficar úmida e escorregadia – Acho que eu mesmo venho buscar vocês mais tarde. – Disse dando aquele sorrisinho cretino e foi embora, me deixando ali, sem fôlego e com uma sensação de formigamento em todo o meu corpo.

 

                Como aquele babaca exercia tanto poder sobre mim? Eu nunca havia beijado ninguém, nunca havia me aproximado tanto de um homem, mas o que esse Diego me faz sentir, é tão intenso.

Gia entrou no quarto com seu falatório de sempre e percebi que por duas horas eu só havia ficado pensando no beijo de Diego e em seus lábios.

                – Elena, estou falando com você – Gia me tirou de meus devaneios.  – Diego me ligou avisando da festa na casa do Marcos e eu quero ir ao shopping para comparar a roupa perfeita para hoje. Vamos?

                – Eu não vou a essa festa, Gia. – Disse tentando ser firme. – Não foi para isso que eu vim para a faculdade.

                – Ah, Elena, acho que não terá muita escolha. – Gia disse me olhando com um sorriso de orelha a orelha. – Diego está irredutível sobre a sua presença.

                – O que aquele cretino quer comigo? – Gritei com a Gia. – Ele acha que toda vez que me encontra pode me beijar sem a minha permissão?

                – Ele te beijou de novo? – Indagou Gia animada.

                – Aquele babaca me agarrou quando veio convidar você para a tal festa. – Respondi. – Mas de qualquer jeito eu não vou. Tenho trabalho para fazer.

                – No primeiro dia de aula? – Gia parecia incrédula. – Quem foi o professor mal-humorado que fez isso.

                – É para a aula produção executiva. – Eu disse. – Eu pretendo ser a melhor na minha área, então preciso estudar.

                – Estou indo ao shopping e depois venho tomar banho e me arrumar. Se não estiver pronta, não diga que não te avisei. – disse Gia saindo do quarto após jogar seu material de aula em cima da sua cama. 

            A noite chegou rápido. Tomei um banho quente e fui me deitar. Gia havia saído há meia hora. Iria aproveitar para dormir cedo.

                Estava cochilando quando de repente alguém bate insistentemente na porta do quarto. Me levantei e fui abrir a porta. Não tive nem tempo de raciocinar sobre o que estava acontecendo e senti sua boca colar à minha. Diego havia invadido meu quarto, me beijando ardentemente e me fazendo derreter em seus braços. Ele segurou minha nuca com uma mão e agarrou minha cintura com a outra, a cada movimento, Diego intensificava mais e mais o beijo. Quando ele se afastou para podermos respirar, aproveitei e me desvencilhei de seus braços. Eu estava atordoada, tanto com o sabor do seu beijo, quanto com a culpa e o mal-estar que pairava sobre mim por me sentir uma vadia.

                – O que pensa que eu sou, Diego? – questionei furiosa.

                – Simplesmente a garota mais deliciosa que eu já beijei e que estou doido para provar. – Disse ele vindo em minha direção. Seus olhos faiscavam de desejo.

                Ele segurou minha cintura e levou os lábios a meu pescoço, desferindo beijos cálidos, enquanto uma de suas mãos subia até meu seio. Um gemido involuntário saiu de minha boca, fazendo Diego intensificar seus beijos.

                Consegui forças suficientes para empurrá-lo e ele ficou me olhando aturdido, sem entender o que aconteceu. Fui até ele e desferi um tapa em seu rosto com toda a minha força. Estava com raiva. Diego não podia me agarrar a hora que quisesse. Ele me encarava incrédulo.

                – Por que fez isso? – indagou surpreso – Pensei que também estivesse a fim.

                – Você é maluco? – questionei. – Como pode achar que eu gosto de ser agarrada por alguém que mal conheço?

                – Ontem na minha casa, você não parava de me encarar, Elena. –  Ele se defendeu. – Seus olhos não saíam de cima de mim.

               – Posso ter te achado bonito e qual o problema? – Diego me fitava com um olhar surpreso e questionador ao mesmo tempo. – Não quer dizer que eu queira dormir com você.

                – Me desculpa, Elena... eu...

                – Simplesmente deve ter achado que eu sou como uma das vadias que você leva para a cama a hora que quer.

                – Sempre soube que você é diferente.

                – E claro, também sabe que eu sou virgem, não é? Eu sou mesmo virgem, Diego. Não vejo problema algum nisso.

                Diego ficou de queixo caído com minha indagação. Ele mesmo me chamou de “virgenzinha” assim que me conheceu, mas não estava preparado para a minha afirmação. Ele passou suas mãos pelos cabelos, sentou-se–se na cadeira da escrivaninha e fitou o chão por um bom tempo. Senti que ele parecia perdido e precisava pôr a cabeça no lugar.

                – Elena, você... é...v..virgem? – Ver Diego ficar sem palavras era hilário. Caí na gargalhada e ele amarrou a cara com raiva. – Isso não tem graça.  Elena, você sabe que há uma força que nos atrai um ao outro. Tenho certeza de que você também sente.

                – O que eu sinto ou deixo de sentir só cabe a mim. – Falei. – Se agora puder me deixar sozinha para que eu possa dormir, eu te agradeço.

                – Elena, eu...

                – Sem chances de acontecer qualquer coisa entre nós dois. Espero que entenda isso.

                Diego se levantou, se dirigiu vagarosamente até a porta e antes de sair, olhou para trás me fitando de cima a baixo mais uma vez.

                – Adeus, Elena. – Ele disse. – Não precisa mais se preocupar, não te incomodarei mais. Você não terá notícias minhas por um bom tempo. – Ele saiu, batendo a porta de um jeito que fez meu coração congelar e deixei uma lágrima escapar de meus olhos.

 

                Dois meses havia se passado e cada vez mais eu frequentava as festas e já fazia parte dos grupos de amigos da Gia. Marcos sempre se mostrava galanteador, estava sempre por perto, fazia minhas vontades e se aproximava do meu ouvido para falar coisas que me faziam arrepiar, mas nada me deixava tão extasiada quanto a voz, o toque e o beijo de Diego.

                Desde aquele dia eu não via mais Diego. Gia havia me dito que ele faria um módulo da faculdade online por motivos pessoais e retornaria em breve.

                Finalmente as provas bimestrais havia acabado e hoje eu curtiria a noite com Gia numa balada próxima à faculdade. Minha amiga estava tão ansiosa que mesmo faltando três horas para irmos à boate, ela já estava se arrumando. Mais perto da hora de sairmos eu fui tomar meu banho, coloquei um vestido preto de alça fina e tamanho mini, com filigranas parateadas. Calcei uma sandália parateada de salto fino, médio e com uma fivela delicada. O look estava perfeito. Uma maquiagem leve com um batom vermelho sangue para combinar. Cabelos soltos e levemente ondulados. Estava me sentindo plena. Um desejo forte e ardente se instalou em mim, aquecendo as partes mais íntimas do meu corpo e o sorriso de canto de boca do bad boy que fazia meu coração acelerar, surgiu na minha mente. Quando Gia terminou de se arrumar, fomos até o saguão do alojamento e pedimos um taxi.

                Pouco mais de quinze minutos depois já estávamos na boate. Marcos, Dylan e Naomi estavam na área vip, numa mesa reservada que com certeza foi Marcos quem custeou.

 

                – Elena, pensei que não fosse vir. – Disse Marcos se aproximando.

                – Tenho uma semana de folga já que as provas bimestrais acabaram. – Respondi.

                – Você está perfeita nesse vestido. – Me elogiou.

                – Não tanto quanto a minha garota. – disse Dylan se referindo à Gia.

                – Olá meninos. Eu também estou aqui. – disse Naomi que foi deixada de lado. – Está certo, já que ninguém me dá atenção, estou indo ao bar.

                – Posso ir com você? – perguntei. Estava desesperada por um drink.

                – Claro, Elena.  Vem, vou te mostrar como se bebe. – Naomi me levou até o bar e pediu um dry martini para ela e outro para mim.

                Quando o barman trouxe as bebidas, fiquei meio receosa de ser algo muito forte. No mesmo instante vi Diego e Leslie entrando de braços dados. Eu não acredito que aquele imbecil estava saindo com a vagabunda de carteirinha da faculdade. Tentei não me importar, afinal, fazia dois meses que não tinha notícia alguma dele. Peguei a taça da bebida e virei toda de uma vez, sem me importar se era forte ou não. Pedi ao barman mais uma e Naomi segurou meu braço.

                – Elena, sei que não somos próximas como você é com a Gia, mas vai com calma.

                – Hoje eu não quero ser a nerd. – Respondi. – Naomi, eu só saio desse bar hoje carregada.

                – Beleza, não está mais aqui quem falou. – Ela deu de ombros.

                Olhei para a nossa mesa e vi Leslie sentada no colo de Diego. Gia e Dylan dançavam e Marcos me fitava ao longe. Naomi me deixou sozinha e foi em direção à Marcos. Virei a outra taça de martini e perguntei ao barman o que tinha mais forte ali. Ele me ofereceu tequila. Nunca havia bebido e a curiosidade bateu. O barman colocou a dose em um copinho tão pequeno que na hora me desanimou, ele disse que era para eu espremer limão na boca logo em seguida. Peguei o copo minúsculo com sal na borda, virei de uma vez e espremi limão na boca. Aquilo desceu pegando fogo pela minha garganta, mas logo em seguida, a sensação foi maravilhosa. Repeti o processo mais duas vezes. Quando ia virar a quarta dose de tequila, uma mão segurou meu braço e ao olhar a quem essa mão pertencia me deparei com Diego.

                – O que pensa que está fazendo? – Indaguei furiosa.

                – Mais uma dose e você vai ter a pior ressaca da sua vida. – Disse Diego.

                – E por que se importa?

                – Vem Elena, eu te levo para casa.

                – Eu não vou a lugar nenhum, muito menos com você.

                – Ah, você vai sim. – Diego me pegou no colo, me jogando sobre o ombro como um verdadeiro ogro.

                – Diego, deixa de ser possessivo, solta ela. – Interveio Marcos.

                – Ela já bebeu além da conta. Está na hora de ir para casa.

               

                Ainda ouvi Marcos tentando argumentar com Diego e eu gritava em protesto, mas ele não me soltava. Chegando no estacionamento, ele me colocou no banco do carona de seu carro, apertou o sinto de segurança quase me sufocando e fechou a porta. Foi para o outro lado do carro, entrou e enfiou o pé no acelerador fazendo os pneus do carro cantarem. Ele não estava me levando para o dormitório. Estávamos indo para a sua casa.

                Chegamos à sua luxuosa mansão e ele me tirou do carro, me colocando novamente em seu ombro, mesmo sob protesto. Vi um de seus funcionários vindo em nossa direção, mas Diego disse alguma coisa ininteligível e subiu comigo para o segundo andar da casa. Chegando a seu quarto ele me soltou e me guiou até o banheiro, abrindo o chuveiro na água fria e me empurrando para dentro do box.

                – Me solta seu cretino filho da mãe. – Gritei e soquei seu peito. Ele não se moveu um milímetro.

                – Nossa, ela tem a língua afiada. – Debochou.

                Eu comecei a chorar e Diego me abraçou com força, eu me sentia estranhamente segura e confortável em seus braços. Ele me segurou com força alguns minutos sob a água terrivelmente gelada. Depois desligou o chuveiro, pegou uma toalha e me secou. Agora minha cabeça já não raciocinava bem. Diego me deu um blusão largo e uma cueca samba canção para eu vestir. Me ajudou a me equilibrar e me levou para a cama. Ouvi ao longe o som do chuveiro sendo ligado e depois de algum tempo, Diego se deitou ao meu lado.

                – Você fica ainda mais linda vestindo minhas roupas, Elena.

                – Quero ir para casa. – Disse num sussurro e não senti mais nada ao meu redor.

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